Olho no Olho

Meio a Meios: exemplo de sucesso da extensão

Priscilla Bastos

imagem olho no olho

Entre os dias 27 e 30 de março, a Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro é o palco da Meio a Meios: I Semana de Jornalismo da UFRJ. O evento, realizado por alunos da escola e pelo Programa de Educação Tutorial (PET), visa enfocar o lado menos abordado do jornalismo, aquele que é pouco freqüente na mídia.

A Meio a Meios representa bem uma tendência das faculdades, por se tratar de um projeto de extensão. Muitas unidades da UFRJ trabalham e apóiam iniciativas de extensão, como uma forma de unir teoria à prática. Para abordar essa questão, o Olhar Virtual conversou com o aluno da ECO, membro do PET e um dos organizadores da Meio a Meios, João Reis, e com a diretora da ECO, Ivana Bentes.

 

João Reis
aluno da ECO e membro do PET e da organização da Meio a Meios

"A idéia do PET (Programa de Educação Tutorial) com a Meio a Meios era fazer uma semana de jornalismo diferente, que abordasse um lado pouco visto na mídia ou em eventos ligados à profissão. A partir disso, foram escolhidas três áreas da comunicação: o Jornalismo Literário/Narrativo, o Jornalismo Cultural e a Mídia Alternativa. Além disso, foram feitas oficinas logo após as palestras, com o intuito de realmente fomentar a produção jornalística em vários sentidos, como radiojornalismo, fotografia, crítica jornalística etc.

A Meio a Meios está intimamente ligada à questão da extensão na ECO, sendo, inclusive por isso, um evento gratuito e voltado principalmente aos alunos da escola. A semana foi intensamente divulgada para os próprios alunos, mas recebemos também um público muito grande de fora; foram alunos da UFF (Universidade Federal Fluminense), da PUC (Pontifícia Universidade Católica), gente vinda do PET de Juiz de Fora, além de outras universidades. O balanço geral do evento, até agora, foi muito positivo. Para nós, está sendo um sucesso, pois, todos os dias, o auditório Pedro Calmon está lotado e as próprias oficinas estão sempre cheias.

A idéia é dar continuidade ao evento e realizar outras Meio a Meios. Por nós, da organização do evento, teria outra semana como essa no próximo semestre, pois sabemos que teria o mesmo retorno, com as palestras sempre lotadas. Mas, para que o evento não seja banalizado, a proposta é fazer outra no ano que vem. É muito importante que projetos de extensão como esse aconteçam. O PET é um grupo que elabora tanto pesquisas quanto projetos de extensão, pois são coisas importantes para a faculdade e, indiretamente, para o país. A busca é por uma integração maior entre a universidade e a sociedade, alertando-a para certas questões. "

Ivana Bentes
diretora da Escola de Comunicação

“A Escola de Comunicação entende que a extensão é parte fundamental do aprendizado e do ensino, então valoriza muito eventos como a Meio a Meios, porque neles é possível ter uma discussão com as pessoas que estão produzindo comunicação, informação ou mesmo com os meios de comunicação alternativos. Assim, além da teoria com os professores, tem-se uma experiência concreta com esse debate na sociedade.

Na Meio a Meios, discutiram-se questões éticas referentes às decisões dos jornalistas, incluindo o modo de escrever. O jornalista Caco Barcellos, que é uma referência no campo investigativo, falou da sua experiência concreta, de se trabalhar com alguns limites, dentro de um grande veículo de comunicação, como a Globo. Além disso, expôs sua visão a respeito da pobreza, e de como tenta fugir dos clichês. Essas experiências são importantes de se ouvir dentro da universidade, além de colocá-la de novo no centro da atividade sócio-política.

Meio a Meios veio como proposta do PET e dos alunos recém chegados à Eco ajudaram na organização no dia do evento. Na semana de integração, tivemos a Ecomeço, onde a gente mostrou que a escola valoriza a extensão, o que motivou esses estudantes a colocar a mão na massa. Geralmente, quando o aluno entra, demora um tempo para conhecer a escola e propor alguma coisa. Tivemos uma surpresa quando o PET deu a idéia e os alunos do primeiro período se voluntariaram. Prontamente, o professor Milton Flôres, da SG-6 (Superintendência Geral de Administração e Finanças), também apoiou e nos deu as passagens para trazer os palestrantes de São Paulo. Foi um projeto organizado desde setembro do ano passado, o que mostra que a escola está azeitada e atenta a esse tipo de movimento.

A idéia é que a extensão funcione como lugar de complementação do ensino tradicional de sala de aula. No futuro, queremos fazer com que os eventos de extensão valham crédito para a formação do aluno. Então, além das aulas tradicionais, um certo número de horas vão ser cumpridas com essa livre escolha de eventos de extensão, palestras, seminários, oficinas, pois achamos que é quando o aluno entra em contato com outros produtores de saber, que não só o professor. "