Ponto de Vista

Repensar o papel dos Centros da UFRJ

Nathália Perdomo

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Em meio às discussões acerca da reestruturação e expansão da universidade pública, o professor Gustavo Rocha Peixoto, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFRJ, pensando na integração efetiva da universidade, cogita a possibilidade de uma unidade pertencer a mais de um Centro, favorecendo, dessa forma, o intercâmbio de saberes. A sugestão foi anunciada em reunião promovida pela Reitoria com o Centro de Letras e Artes (CLA), a partir das necessidades consideradas pela formulação do novo modelo acadêmico de ensino, pesquisa e extensão. Confira a entrevista.

De onde surgiu a idéia de romper com a estrutura dos Centros da UFRJ, favorecendo a integração das unidades?

A universidade foi formada a partir da união de escolas pré-existentes: medicina, engenharia, direito. Depois outras escolas foram implantadas e, com o passar do tempo, a instituição acabou se consolidando como uma soma de unidades. Elas foram agrupadas em Centros, segundo uma divisão do saber vigente naquele momento, separando os tipos de ciência e as artes. Hoje, a idéia é mais abrangente. As propostas do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), do Programa de Reestruturação e Expansão (PRE), reiteradas pelo reitor Aloísio Teixeira, têm defendido uma universidade mais moderna, mais orgânica e integrada. Nesse contexto, qual o sentido dos Centros numa universidade em que os saberes são dinâmicos?

Quais as vantagens previstas com a possibilidade de uma unidade pertencer a mais de um Centro?

A FAU, por exemplo, tem relações epistemológicas e históricas com o CLA, mas também tem contato muito forte com o Centro de Tecnologia (CT). Então, no momento de repensar a universidade seria conveniente que o Centro não fosse uma entidade administrativa, uma repartição da universidade, mas uma instância integradora de unidades normalmente separadas. Isso significa uma unidade fazendo parte de mais de um Centro. Ainda pensando em integração, seria válido que os professores fossem das unidades e não dos departamentos (as unidades são divididas em departamentos), possibilitando uma espécie de intercâmbio de ensino.

Como a sua idéia pode se encaixar no PRE?

Uma das propostas do PRE é a criação de cursos interdisciplinares envolvendo diferentes unidades e Centros. Portanto, o rompimento da estrutura departamental vigente favoreceria um trabalho mais amplo, aproximando currículos e bibliotecas. A estrutura burocrática de hoje impede algumas transações. O Instituto de Planejamento Urbano e Regional (IPPUR), por exemplo, é uma unidade interdisciplinar porque envolve questões econômicas, jurídicas e tem um parentesco com a arquitetura e urbanismo, mas é do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE). Se ele pudesse pertencer também ao CLA, poderíamos administrar sua biblioteca, sem ele precisar sair do CCJE.