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Nextimagem.com: as Ciências Sociais na Internet

Aline Durães

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Quem nunca sentiu dificuldades de filtrar informações relevantes ao realizar uma pesquisa na internet? Apesar de o meio virtual abrigar uma quantidade vasta de materiais, nem sempre esses dados estão organizados ou alocados em uma mesma homepage. Essa dificuldade levou Marco Antonio Gonçalves, professor do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (PPGSA-IFCS), a organizar o www.nextimagem.com.

O site, no ar desde setembro de 2007 e lançado em maio deste ano, reúne um amplo conteúdo imagético relacionado às Ciências Sociais. O principal objetivo da página é congregar vídeos, ensaios fotográficos e filmes – dispersos pela rede mundial de computadores – que, de alguma forma, tenham conexão com o universo e com as discussões da Antropologia e da Sociologia.

Iniciativa do Núcleo de Experimentações em Etnografia e Imagem, também coordenado por Marco Antonio, o endereço eletrônico oferece ao visitante uma oportunidade única de navegar por entre imagens que condensem conhecimento etnográfico.

A página é subdividida em cinco seções: projetos, revista, mundo de imagens, referências e seleções. Na primeira, estão reunidos os projetos de pesquisa produzidos por membros do Núcleo. Já a segunda seção abrigará a “Imagemundo”, revista virtual de imagens que, além de ser publicada na internet, será lançada também em DVD. O primeiro número da revista está previsto para agosto e contará, entre outras coisas, com uma entrevista do documentarista brasileiro, Eduardo Coutinho.

As demais seções trazem, respectivamente, conteúdo audiovisual etnográfico dos cinco continentes, links relacionados ao material publicado pelo site e edições especiais de temas pré-selecionados. “Nosso filtro são as ciências sociais. Se é um vídeo de um antropólogo ou sociólogo, colocamos no ar. Se é um documentário que tem ponto de intersecção com a nossa área, também disponibilizamos. Mesmo materiais que não são vinculados strictu sensu à Antropologia e à Sociologia, mas que discutem idéias relacionadas ou importantes, são colocados ali também”, explica o professor Marco Antonio Gonçalves.

Cerca de 10 pessoas estão envolvidas no projeto que, recentemente, recebeu o apoio do CNPq e da Faperj para a aquisição de câmeras, computador e microfones. As edições ainda são realizadas com os equipamentos pessoais de Marco Antonio, mas esse apoio vai permitir que os alunos de Graduação e Pós realizem suas próprias edições em um espaço que será montado na sede do Núcleo no IFCS.

Uso didático e interatividade

Segundo Marco Antonio, apesar de muitos trabalhos de Sociologia e Antropologia possuírem considerável conteúdo imagético, não existe, além do ambiente virtual, um espaço que abrigue essa produção de imagens. O custo para publicá-las em papel é alto, o que desanima parte dos pesquisadores que trabalham com essa faceta da etnografia.

O professor garante que, além dessa, o site terá a vantagem de ser uma importante ferramenta didática. “O professor poderá utilizar o material da página como apoio para suas aulas. Eu posso, por exemplo, passar em minha aula o vídeo de um autor que tenha indicado na bibliografia da disciplina. A idéia é mesmo disseminar o uso da imagem, porque ainda não temos isso. Poder ver uma pessoa falar da sua pesquisa em trinta minutos e começar uma discussão na Graduação é muito interessante”, destaca.

Por ter sido lançado há pouco tempo, o site ainda tem pontos a serem desenvolvidos. A interatividade é um deles. Por enquanto, a única ferramenta de interação é um e-mail para o qual o usuário pode enviar comentários, sugestões e críticas. Marco Antonio Gonçalves antecipa que serão criados mecanismos que permitirão ao internauta adicionar vídeos. Além disso, existe a possibilidade de a página abrigar os comentários dos usuários sobre o material ali disponibilizado.

– A etnografia imagética é uma linguagem nova. Claro que não vai substituir o texto, mas é importante também. Esse é um caminho poderoso e pouco explorado pelas universidades; elas ainda são muito presas à estrutura textual. De qualquer forma, os alunos estão muito interessados nisso – finaliza Marco Antonio.