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UFRJ é pioneira em curso de Engenharia Nuclear

Miriam Paço - AgN/CT

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Usada na geração de energia elétrica, na agricultura e em exames médicos, a engenharia nuclear tem apresentado perspectivas favoráveis no Brasil. Tanto que o setor de energia nuclear integra a estratégia de pesquisa e desenvolvimento do Plano de Ação 2007-2010, Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), inserido no conjunto de ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Pensando nisso e cientes da intensa concentração de urânio existente no Brasil, além das amplas áreas para serem prospectadas, a UFRJ criou, para o Vestibular de 2009, o primeiro curso de Graduação em Engenharia Nuclear do país sob coordenação do professor Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo.

– O curso já havia sido criado há algumas décadas. Ele está sendo reaberto com uma ementa atualizada. Na realidade, a reabertura do curso atende a uma nova realidade que se coloca não só no Brasil como também no exterior: a retomada da energia nuclear para aplicações em vários campos, o que aumentou a demanda por profissionais dessa área – declarou o professor.

A idéia da reabertura do curso partiu de Vergínia dos Reis Crispim, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), e a criação da ementa foi realizada por uma comissão de docentes dos colegiados do Programa de Engenharia Nuclear da COPPE e do Departamento de Engenharia Nuclear da Escola Politécnica, composta, além da professora Vergínia, pelos docentes Fernando Carvalho da Silva, Nilson Costa Roberty e Paulo Frutuoso.

A Graduação é formada por um ciclo básico com duração de 4 períodos onde os estudantes aprendem disciplinas comuns a todas as engenharias, como termodinâmica e cálculo, e um ciclo profissionalizante com duração de 6 períodos. A ementa do curso envolve disciplinas como Física Nuclear Aplicada, Física de Reatores Nucleares, Fontes Alternativas de Energia, Métodos Numéricos Computacionais, Análise de Riscos de Instalações Nucleares e outras. Ao todo, o aluno cursará 231 créditos, que correspondem a 3.600 horas de aula, perfazendo 66 disciplinas.

De acordo com Paulo Frutuoso, as expectativas em relação ao curso são as mais otimistas possíveis. “Temos percebido uma boa receptividade. Há pessoas que procuram informações a respeito, como estudantes de diferentes cursos de outras universidades e também de alunos do segundo grau que têm participado do programa Conhecendo a UFRJ”, informou o professor referindo-se à iniciativa da Universidade que torna possível aos estudantes do Ensino Médio terem um contato direto com os cursos oferecidos e respectivos professores de forma a facilitar a escolha durante o vestibular.

Antes da criação do curso, apenas profissionais da Pós-graduação podiam trabalhar com engenharia nuclear. A possibilidade de oferecer uma formação adequada para a graduação representa a solução para a atual carência de profissionais no país. Além disso, segundo afirmou o coordenador do curso, “a inexistência de uma Graduação em Engenharia Nuclear pode gerar dificuldades em obter o registro no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) para o profissional que não for graduado em Engenharia”.

Os profissionais formados pela UFRJ podem atuar junto à Eletronuclear (órgão do governo responsável pela operação das usinas nucleares brasileiras), às indústrias nucleares do país, que fabricam elementos combustíveis, à Comissão Nacional de Energia Nuclear (órgão regulador da energia nuclear no Brasil), além de poderem desenvolver de pesquisas nas principais universidades, como no Programa de Engenharia Nuclear da Coppe.

De acordo com Paulo Frutuoso, é preciso investir na contratação de professores jovens para ministrar as aulas. “A média de idade do corpo docente do Departamento de Engenharia Nuclear da Escola Politécnica e do Programa de Engenharia Nuclear da COPPE é alta. Precisamos de profissionais com maior horizonte temporal de trabalho. Esse será o grande desafio que enfrentaremos em médio prazo, pois daqui a 5 anos, quando a primeira turma estiver se formando, daremos aulas para três turmas ao mesmo tempo no ciclo profissional (3º, 4º e 5º anos)”, ressaltou.

A Graduação, assim como o curso de Pós-graduação da universidade, é dividida em cinco áreas de atuação: física de reatores nucleares; engenharia de reatores nucleares; física nuclear aplicada; análise de segurança de instalações nucleares e engenharia de fatores humanos. “A grade do curso de Graduação foi construída preservando essas áreas da Pós-graduação, pois, dessa forma, os alunos terão uma formação que lhes possibilitará, também, cursar a Pós de maneira natural e produtiva”, explicou o professor.

A principal diferença entre um curso de Graduação e um da Pós-graduação está no perfil do profissional. Enquanto o primeiro é voltado para o mercado de trabalho, o segundo visa formar pesquisadores.

– Atualmente, a produção de energia nuclear no país é insignificante em termos mundiais. Contudo, se considerarmos as perspectivas de uso futuro, para fins de geração de energia elétrica, acho que teremos uma participação muito significativa, pois o país está trabalhando para dominar as etapas do ciclo do combustível nuclear de maneira profissional e com visão de futuro – concluiu Paulo Frutuoso.

Mais informações sobre o curso podem ser obtidas na página eletrônica do Programa de Engenharia Nuclear (www.con.ufrj.br).