No Foco

Nunca é tarde para aprender

Camilla Muniz

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De segunda a sexta-feira, quando o relógio marca 18h30, Thiago Moreira sabe que está na hora de dar início a mais uma jornada de aprendizagem. Assim como o estudante do segundo período do curso de Licenciatura em Física, outros milhares de alunos compõem a parcela do corpo discente da UFRJ matriculada no turno noturno nas Graduações em Ciências Biológicas (Licenciatura), Educação Física (Bacharelado), Física (Licenciatura), Geografia (Bacharelado), Geografia (Licenciatura), Matemática (Licenciatura), Química (Licenciatura) e Dança — na Ilha da Cidade Universitária —; Administração, Ciências Contábeis, Comunicação Social – Rádio e TV, Pedagogia, Serviço Social e Direção Teatral — na Praia Vermelha —; e Direito e História — nos campi do Centro.

De acordo com levantamento realizado pela Pró-reitoria de Graduação (PR-1) da UFRJ, 4.879 alunos cursaram regularmente alguma Graduação em horário noturno no segundo semestre de 2007. À noite, em Macaé, são oferecidos ainda os cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas, Farmácia e Licenciatura em Química.

Embora exista um perfil de aluno específico para cada curso, em geral, a universidade recebe à noite os discentes que trabalham durante o dia. Belkis Valdman, pró-reitora da PR-1, acredita que a importância de a UFRJ oferecer Graduações nesse horário está na satisfação das expectativas dos vestibulandos que têm preferência pela realização de outras atividades no período diurno. “Atender a essas demandas é um interesse crescente da universidade. A idéia é criar mais cursos e planejar melhores estratégias de distribuição de docentes e servidores técnicos-administrativos para as Graduações noturnas”, afirma.

Qualidade de ensino é a mesma de dia e à noite

“É muito prazeroso dar aulas nos cursos noturnos. Os alunos são muito batalhadores e esforçados”, declara Marta Barroso, professora do Instituto de Física (IF/UFRJ). Segundo a docente, como grande parte dos estudantes trabalha durante o dia, muitos chegam cansados às salas, o que implica uma pequena mudança na forma de lecionar à noite, a fim de manter uma atmosfera mais favorável ao aprendizado. “O cansaço dos estudantes acaba se tornando uma dificuldade com a qual os professores têm que a aprender a lidar. Por isso, evitamos aulas excessivamente expositivas e passamos uma carga menor de exercícios”, esclarece. Tal preocupação é sentida pelos alunos, que se sentem acolhidos e amparados pelos professores. “A maioria dos estudantes do curso noturno são trabalhadores e de origem mais humilde. A maior vantagem do curso noturno é que ele dá chance a pessoas que têm que trabalhar para sobreviver de fazer um curso de nível superior”, acentua Thiago.

Apesar de bibliotecas e alguns laboratórios encerrarem o expediente antes do término das aulas, a professora garante que a infra-estrutura de ensino utilizada para os cursos é mesma, tanto de manhã como à noite. Marta só reivindica uma batalha maior da universidade em relação à igualdade entre os cursos diurnos e os noturnos no que diz respeito à realização de eventos que possam dar suporte ao aprendizado. “A maior parte das palestras e encontros acadêmicos acontece de manhã e à tarde. Isso acaba se tornando uma desvantagem para os estudantes dos cursos noturnos, que, justamente por trabalharem durante o dia, acabam não podendo participar dessas atividades. Por isso, a universidade deve brigar para que os cursos noturnos não adquiram clima de “escolão”, onde o aluno apenas assiste às aulas. No IF, estamos buscando promover alguns seminários no bem no final da tarde para contemplar também os alunos da licenciatura”, acrescenta.

Transporte, alimentação e segurança

À noite, as aulas começam às 18h30 e terminam às 21h50. Segundo Thiago Moreira, o horário é rigorosamente cumprido. “Geralmente os professores não liberam os alunos mais cedo, pois as linhas de ônibus funcionam até um pouco depois das 22h no Fundão”, explica. Apesar dos rumores de que a Cidade Universitária é um local inseguro, quem freqüenta o campus à noite desmente a versão que circula na mídia. “Dentro do campus é bastante seguro. Alguns seguranças da Divisão de Segurança (Diseg) circulam de carro na ilha e outros ficam parados em lugares estratégicos. Entretanto, muitos alunos que andam até à Avenida Brasil para pegar ônibus já foram assaltados no caminho. Por isso, seria importante que a UFRJ pedisse à Polícia Militar o reforço do patrulhamento nas redondezas do Fundão, principalmente nos horários de saída dos estudantes”, sugere o estudante, que também gostaria que a universidade disponibilizasse mais opções de locais de alimentação para os estudantes: “Na hora da entrada, há até um número bastante significativo de estabelecimentos que oferecem lanche, mas o problema é na hora da saída, quando os trailers já fecharam. O ideal seria que existisse um lugar onde pudéssemos jantar”, opina.

Segundo Belkis Valdman, a UFRJ está trabalhando para proporcionar cada vez melhores condições de infra-estrutura para os cursos noturnos. “A Prefeitura Universitária já divulgou o planejamento e a execução de melhorias nos sistemas de transporte e iluminação na Cidade Universitária. Além disso, há o projeto de implantação de um ponto de conexão de linhas de ônibus atrás do Hospital Universitário e a construção de uma estação de trem no Fundão pela Supervia, o que facilitará a locomoção de toda a comunidade acadêmica”, diz a pró-reitora.

 

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