No Foco

UFRJ apresenta nova proposta de reestruturação do HU

Rachel Dimetre


Nesta quarta, dia 15, a Decania do Centro de Ciências da Saúde (CCS) promove uma audiência pública para apresentar os planos da reestruturação do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). O evento será realizado às 10h, no Auditório Professor Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão), no subsolo do bloco k do CCS, na Cidade Universitária. Estarão presentes representantes do CCS, incluindo professores, alunos e funcionários, além do reitor da UFRJ, Aloisio Teixeira.

No encontro, serão discutidos os caminhos e soluções para o futuro do hospital, que conta hoje com 3.513 profissionais e mais de mil estudantes. A unidade presta serviços ambulatoriais, exames variados, internações e cirurgias, atendendo milhares de pacientes todos os meses.

O tema já vem sendo bastante discutido. O diretor do HUCFF, Alexandre Pinto Cardoso, espera que a reunião seja definitivamente resolutiva e decida pela implementação do que já foi proposto. “O importante é que o projeto avance. Precisamos sair do campo da discussão”, diz.

Histórico

O prédio onde hoje funciona o Hospital Universitário começou a ser construído em 1950. A ala norte passou a ser utilizada em 1978, mas a ala sul, posteriormente apelidada de “perna seca”, deveria ser ativada mais tarde. Isso acabou não acontecendo e, ao longo dos anos, a construção sofreu uma série de depredações e atos de vandalismo.

Há muito se discute o que deveria ser feito com a parte inoperante do prédio, que soma 110 mil metros quadrados de área construída. A edificação já adquirira importância simbólica junto à paisagem da região e o objetivo seria modificá-la para “evitar o sentimento de desperdício de recursos públicos que ela gerava”, comenta o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Carlos Antônio Levi.

Estudos preliminares mostravam que colocar abaixo toda a ala sul do complexo do Hospital Universitário seria a melhor solução encontrada, pois a recuperação plena seria muito custosa. Devido às condições de deterioração identificadas, decidiu-se pela implosão da estrutura,  método mais rápido e mais eficiente. Uma comissão técnica definiu então a estratégia logística necessária para as ações de demolição, o que incluía a interação com a sociedade e esclarecimento à opinião pública e a entidades técnicas representativas dos setores de engenharia e arquitetura. “O diagnóstico indicava a recuperação da ala sul como uma obra com custo muito alto, cujo resultado não compensaria, pois poderia não garantir a confiabilidade plena da reestruturação”, afirma Levi.

A opção pela demolição, no entanto, enfrentou fortes resistências da opinião pública. Muitas delas, devido a problemas objetivos quanto à necessidade de evacuação do hospital, que atende pacientes  carentes de cuidados diários e muitas vezes de aparelhos que devem ser mantidos em constante funcionamento.

Todas as dificuldades aliadas à nova disponibilidade de recursos confirmados pelo Ministério da Cultura garantiram a possibilidade de buscar uma alternativa, que deve ser discutida na reunião desta quarta-feira.

A nova proposta

A chegada dos novos recursos trouxe mais motivação para a equipe do projeto, que reavaliou o cenário em busca de soluções. Foram encomendados estudos subsequentes e uma opção passou a fazer sentido, tanto técnica quando financeiramente. Optou-se pela demolição parcial pelo método convencional, restrita aos três últimos andares, que se encontram em estado avançado de deterioração. O restante seria recuperado estruturalmente, seguido da construção de uma cobertura e proteção lateral, para evitar a degradação severa e acelerada, como ocorreu no edifício original.

Os dois primeiros andares de toda a extensão do prédio ficariam disponíveis para uso imediato, além da restauração completa de uma coluna de 800 metros quadrados por piso, localizada entre as alas norte e sul. Essa área já vinha sendo utilizada, mas sofreu desgaste sem reparo ao longo de muitos anos e acabou por ser abandonada. Também faz parte do projeto uma diminuição do peso total da estrutura, que conta hoje com lajes duplas, que seriam transformadas em simples.

“Apesar da falta de recursos para finalizar o projeto em sua totalidade, a área ficaria protegida para uso futuro. A ocupação das áreas restantes poderá ser feita gradativamente, dentro das possibilidades orçamentárias”, declara Levi.