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Novo Enem: em busca de um acesso mais democrático

Bruno Franco


Em decisão do Conselho de Ensino de Graduação (CEG), tomada no dia 6 de maio, a UFRJ decidiu adotar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em seu processo seletivo, atendendo à recomendação do Ministério da Educação (MEC).  O Enem será utilizado como primeira etapa, obrigatória, no ingresso à UFRJ, já no vestibular 2010.

O novo modelo do exame terá 200 questões, divididas em quatro áreas (ciências naturais, ciências humanas, linguagens e matemática) com 50 questões cada, além da redação. As provas serão aplicadas nos dias 3 e 4 de outubro. O resultado da parte objetiva será divulgado no dia 4 de dezembro, mas o desempenho final dos vestibulandos, incluindo a nota da redação, somente será conhecido no dia 8 de janeiro de 2010.
O Enem pode ser realizado por estudantes que estejam concluindo o ensino médio e também por aqueles que já tenham se graduado. Além disso, a prova passará, este ano, a valer para certificação de conclusão do ensino médio, o que torna o Enem também uma oportunidade para cidadãos (maiores de 18 anos) sem diploma nesse nível de ensino.

A segunda etapa do vestibular da UFRJ continuará sendo uma prova discursiva, mas será gratuita. Os candidatos só pagarão os R$ 35 da taxa do Enem. De acordo com Luiz Otávio Langlois, coordenador acadêmico de vestibular da UFRJ, as provas seguirão o modelo já conhecido: “Questões criativas que atestem a capacidade do estudante de fazer relações entre conhecimentos diferentes, que tentam avaliar o candidato tanto em seu nível de leitura, quanto de produção de texto, naqueles conhecimentos que a universidade considera essenciais a um bom curso de graduação. Sempre tentando oferecer questões nas quais os candidatos demonstrem, sobretudo, talento”, explica Langlois.
O programa e o calendário do vestibular 2010 da UFRJ ainda não estão fechados,  dependendo de futuras deliberações do CEG, bem como da ratificação final, feita pelo Conselho Universitário (Consuni), órgão decisório máximo da universidade.

Para o coordenador, uma primeira fase com questões objetivas – se bem elaboradas – pode representar algo interessante para a universidade. “O volume de trabalho com correção de provas discursivas sempre foi muito grande. De modo que fazer essa peneira com questões de um vestibular nacional, sério e bem-feito, pode ser uma opção bem interessante”, avalia.

Muitas instituições aderiram ao Enem. Dentre as co-irmãs federais situadas no estado, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) adotaram o exame como fase única.  A UFF (Universidade Federal Fluminense) usará o Enem como parte da nota da primeira etapa.

As vagas das universidades que aderiram ao Enem como única etapa de processo seletivo ficam disponíveis em um sistema eletrônico de inscrição, unificado e válido para todo o país. Os candidatos terão até cinco opções de curso nesse sistema e poderão utilizar sua nota para até cinco universidades diferentes. O estudante receberá sua nota antes de se inscrever nas faculdades, para que possa consultar previamente a média de desempenho do curso que escolheu e então enviar sua nota à universidade que escolher.

Na avaliação da professora Belkis Valdman, pró-reitora de graduação (PR1) da UFRJ, a aplicação do Enem como parte do vestibular da UFRJ visa democratizar o acesso à universidade, objetivando a ampliação do número de inscrições de estudantes da rede pública, tradicionalmente abaixo do desejado pela Reitoria, e “também melhorar o ensino médio público, o que é, aliás, o objetivo do exame”.

Para Langlois, A UFRJ está, por um lado, “comprando” o projeto do Ministério da Educação, no sentido de criar um exame nacional “muito sério, avaliativo do ensino médio”, e, por outro, também dando suporte a esse novo enfoque do Enem como instrumento de seleção para os cursos de graduação das universidades. “Nesse sentido, a UFRJ se alinha com a política que o MEC adota”, afirma o coordenador.