Zoom

Museu Nacional inicia projeto de digitalização tridimensional

Nathalia Barbosa


Em junho deste ano o Museu Nacional da UFRJ (MN) iniciou o processo de digitalização tridimensional de seu acervo de paleontologia e egiptologia. O projeto acontece em parceria com a área de Desenho Industrial do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) do Ministério de Ciência e Tecnologia e ainda está em fase de testes de equipamentos e procedimentos.

O acervo digital já existe há algum tempo. O que está sendo feito agora é uma ampliação do processo de digitalização. “A fotografia digital já existe há dez anos e, desde essa época, começamos a incluir algumas partes do acervo no meio digital”, afirma Sérgio Alex de Azevedo, diretor do MN. Há cinco anos, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), iniciou-se um processo de digitalização das obras raras da coleção do Museu. Com o projeto, foi implantado um laboratório de digitalização que está ainda em pleno funcionamento.

Dificuldades

Segundo Azevedo, o projeto de digitalização do acervo, tanto de obras raras quanto 3-D, é muito oneroso. A parceria com o INT acontece, principalmente, no uso dos equipamentos, que devem ser de ponta para seguir os padrões internacionalmente definidos. A UFRJ possui alguns desses equipamentos. No entanto, eles são utilizados em outras áreas, como os tomógrafos digitais, equipamentos de alta resolução indispensáveis na área médica e que, portanto, não podem ser utilizados pelo Museu. Dessa forma, a colaboração do INT é fundamental para que os equipamentos sejam adquiridos sem que a universidade tenha que arcar com os altos custos de compra e manutenção.

Azevedo afirma ainda que, apesar dos obstáculos com os equipamentos, a questão vem se resolvendo. O Museu Nacional tem adquirido parte deles por meio de editais e com relativa facilidade. O problema maior, segundo ele, seria a falta de pessoas qualificadas para operá-los. Ele afirma que há uma carência muito grande de profissionais especializados em lidar com os aparelhos, o que dificulta muito o processo. “O grande limitante dentro da estrutura do serviço público é o pessoal. Você tem recurso, você consegue comprar equipamentos – como parte deles é importada, você ainda tem alguma dificuldade prática –, mas a dificuldade por conta de pessoal é infinitamente maior do que qualquer outra que você vá enfrentar, porque às vezes você monta um superlaboratório e não tem uma pessoa disponível para operá-lo. Muitas vezes você tem toda a infraestrutura, mas não consegue botar o projeto para a frente por total falta de gente qualificada para isso.”

Relevância

“No momento em que você utiliza uma nova ferramenta que torna as coisas mais acessíveis a todos, você está, de certa forma, retornando à sociedade o investimento que ela faz.” É dessa forma que o diretor define a relevância do projeto de digitalização do acervo do Museu Nacional. De acordo com o diretor, esse retorno, no entanto, não é direto. Os bancos de dados de alta resolução não são direcionados a um público leigo, mas sim a pesquisadores da área. E seriam esses profissionais os responsáveis em converter o que é disponibilizado pelo Museu Nacional em material de maior abrangência ao público.