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Por trás das tragédias



Elisa Ferreira

 

No último dia 12 de janeiro, a Região Serrana do Rio de Janeiro sofreu com as fortes chuvas, que deixaram centenas de mortos e milhares de desabrigados e desalojados. Segundo dados divulgados na grande imprensa, foram quase 280 mm de chuva em 24 horas que, em combinação com a ocupação inadequada das encostas e dos vales adjacentes, produziram um dos maiores desastres climáticos do país.

Segundo o professor do Instituto de Geociências da UFRJ (Igeo), Emilio Velloso Barroso, “a ocupação inadequada referente inclui tanto as moradias irregulares como aquelas que são legalizadas nas prefeituras. Essa tragédia mostrou a amplitude do problema, que não está restrito apenas às populações de baixa renda que ocupam as encostas”. Essa não foi a primeira tragédia devido à alta precipitação pluviométrica.

 

Para evitar futuras tragédias

Para que incidentes como esses não se tornem comuns, é preciso que algumas atitudes sejam tomadas.  Isso inclui, principalmente, o mapeamento de áreas de risco, a fim de evitar a repetição dos mesmos erros. Segundo o Professor Emilio Barroso, “em primeiro lugar, é necessário criar quadros técnicos capacitados nas prefeituras ou em um órgão estadual a ser criado para lidar exclusivamente com a prevenção de riscos geológicos. Deve se ressaltar que as universidades brasileiras são plenamente capazes de responder a essa demanda da sociedade. A UFRJ, em particular, forma pessoal para essa atividade no Instituto de Geociências e na Escola de Engenharia. Infelizmente, esses alunos têm ido trabalhar em empresas públicas e privadas, mas não têm sido absorvidos por prefeituras”.

Além disso, o monitoramento das condições meteorológicas é um fator importante para detectar acidentes naturais. A partir da previsão, é possível evacuar áreas, a fim de evitar que os acidentes transformem-se em tragédias de grande porte e implementar planos de contingência. Dessa forma, é necessária a criação um órgão estadual responsável exclusivamente por cuidar do problema, além disso, é importante investir na capacitação de geólogos, meteorologistas e engenheiros civis para esse órgão.

A UFRJ na Região Serrana

Diversas iniciativas foram realizadas, entretanto, sem o controle necessário. Para isso, a Pró-Reitoria de Extensão (PR-5) realizou na última quarta-feira uma reunião aberta a servidores técnico-administrativos, estudantes e professores, com o objetivo de mapear essas iniciativas e articular novas, organizando a participação da universidade.

Segundo a pró-reitora, Laura Tavares Ribeiro Soares, “as ações imediatas e emergenciais não são os únicos objetivos dos encontros, que visam a soluções a médio e longo prazo, com atividades permanentes”. Para isso, estudantes e profissionais da área de saúde, de Psicologia, de Serviço Social e de Direito estão subindo para a região serrana.

“O mais interessantes foi a capacidade de mobilização, com presença de aproximadamente 85 pessoas na última reunião, em época de férias e véspera de feriado”, ressalta Laura Soares.

A fim de articular intervenções conjuntas para o enfrentamento do desastre na Região Serrana, as reuniões acontecem toda quarta-feira às 14h30, no Auditório Arquimedes Memória, 3º andar do prédio da Reitoria – Av. Pedro Calmon,  550, Cidade Universitária. A Pró-Reitoria pode ser contactada pelo telefone (21) 2598-9647 e pelo email extensão@pr5.ufrj.br.