Entrelinhas

A origem da vida

 

Luciano Abreu

Divulgação

 Atrair novos interessados para o debate sobre a origem da vida é um dos principais objetivos de Franklin David Rumjanek, professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, ao lançar o livro Ab initio − Origem da vida e evolução (Editora Vieira & Lent, 179 páginas, R$ 35,00).

Considerando a indagação “Como surgiu a vida no planeta Terra?” como a “mãe de todas as perguntas” ou a “pergunta mãe de nossa existência”, o professor discute o assunto partindo de pistas e modelos existentes e procura analisar interpretações vigentes consideradas “mais plausíveis”. Segundo ele, a história da vida ainda é um objeto alvo de muitas especulações e julga ser necessário levar o tema ao debate num momento em que várias interpretações têm sido dadas à ciência, considerada, por exemplo, como responsável por tornar a vida sem sentido.

“Mediante o cenário materialista que a ciência introduz, talvez a maioria das pessoas imagine que perderia alguma coisa essencial e indefinível. A ciência seria antes de tudo algo maligno que negaria um lado mais sublime, mais puro dos humanos”, explica. Franklin acha difícil interpretar esse fenômeno social – o crescimento pelo misticismo e de teorias distantes de métodos científicos , mas afirma que “de fato essa é uma tendência atual”.

O termo latino que dá nome ao livro significa “do começo”, remete diretamente à origem. A curiosidade sobre o início da vida dos seres vivos é “natural”, segundo o professor, e segue presente ao longo da história por ser um tema “extremamente interessante”.

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, Franklin David Rumjanek pensa que ainda há muito que se descobrir para sanar esta eterna questão. “Se conseguirmos algo mais concreto, que possa ser reproduzido por experimentação, fatalmente se seguirão outras perguntas, tais como ‘Há vida em outros planetas?’, ‘Será igual à nossa?’, e assim por diante. De todo modo, creio que ainda estamos longe de decifrar esse enigma.”

A obra é destinada ao público em geral. Ela exige apenas conhecimentos básicos de biologia e ciência, e é desprovida de qualquer jargão científico, de acordo com o professor. A linguagem, sendo simples, facilita o acesso à discussão, abrindo novos caminhos para se chegar à solução para a pergunta e, assim, partir para outra. “Se algum dia conseguirmos responder à pergunta, outras aparecerão. A ciência é assim mesmo. Para cada resposta, surgem outras tantas perguntas. É um processo interminável”, conclui o autor.