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Edição 194      11 de março de 2008


Entrelinhas

Por que o bocejo é contagioso?

Camilla Muniz

capa do livro

Desde criança, Suzana Herculano Houzel tinha curiosidade de saber o porquê das coisas. Graduada em Ciências Biológicas pela UFRJ, a neurocientista e professora do Departamento de Anatomia do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) é a autora de Por que o bocejo é contagioso? e outras curiosidades da neurociência do cotidiano, livro que explica, de maneira simples, como podemos perceber facilmente as aplicações da neurociência em nossas atividades rotineiras. “A idéia era fazer um livro que pudesse ser aberto em qualquer página e ser lido, sem exigir uma preparação prévia ou qualquer conhecimento científico do leitor”, afirma.

Segundo Suzana, seu interesse por neurociência só foi descoberto através de um amigo, no início da década de 1990, quando ela fazia Pós-graduação em Genética, nos EUA. Foi então que um novo mundo se abriu para a pesquisadora. “A neurociência traz questões que, por sua vez, levam a muitas outras, e todas estão relacionadas ao cotidiano. Era muito fácil sair do laboratório e tentar continuar adivinhando como a neurociência está presente no nosso cotidiano”, conta Suzana, também autora de O Cérebro Nosso de Cada Dia (2002), Sexo, Drogas, Rock'n'Roll & Chocolate (2003), O Cérebro em Transformação (2005) e Fique de bem com o seu cérebro (2007).

Olhar Virtual: Como surgiu a idéia de escrever um livro que explicasse, de forma bem humorada, curiosidades do cotidiano relacionadas à neurociência?

Por que o bocejo é contagioso? e outras curiosidades da neurociência do cotidiano é o meu quarto livro, depois de outros três sobre divulgação científica. A proposta dele é explorar a curiosidade do leitor e inaugurar uma coleção de divulgação científica que eu organizo para a Zahar Editora, a coleção Ciência da Vida Comum, cujo objetivo é falar sobre as variadas aplicações da Ciência na vida cotidiana. Queremos despertar o interesse do público pela Ciência e, para isso, não existe nada mais direto que abordar nossas curiosidades de uma maneira científica.

Olhar Virtual:Como a senhora analisa a divulgação científica no Brasil e o que a coleção Ciência da Vida Comum representa nesse contexto?

Essa coleção é um empenho em aumentar o interesse do público em geral pela Ciência. Através do meu primeiro livro, notei o interesse das pessoas por esse assunto muito maior do que se podia imaginar ou esperar. Entretanto, se olharmos para as prateleiras das livrarias e para a quantidade de livros que fazem divulgação científica, é impossível ter idéia do tamanho desse interesse. Em 2002, quando O Cérebro Nosso de Cada Dia foi lançado, dos poucos livros disponíveis sobre Ciência, a maioria era versões traduzidas de autores estrangeiros. Muitas livrarias não têm sequer uma sessão especial para livros sobre Ciência dedicados ao leitor não-especializado. Isso é um diagnóstico da situação em que a divulgação científica se encontra no Brasil. Além disso, para agravar essa conjuntura, grande parte dos jornalistas não estão habilitados para falar sobre Ciência porque não recebem uma formação específica e porque a mídia não abre muito espaço para que especialistas se expressem nos principais veículos de comunicação.

Olhar Virtual: A senhora acha que o livro é capaz de influenciar o dia-a-dia das pessoas?Os leitores, ao saberem a explicação de certos fatos do cotidiano, podem utilizar o conhecimento adquirido para planejarem melhor suas ações, como não insistir em executar uma mesma tarefa durante muito tempo, já que o cérebro fica cansado? É este o propósito do livro?

O objetivo sempre é fazer com que o leitor possa usar determinada informação de forma útil e, de fato, melhorar sua vida. Se praticar certa atividade por um longo período literalmente cansa o cérebro, é recomendável fazê-la durante cerca de quarenta minutos e intercalá-la com outra. Fazer uma mesma coisa por duas horas é contraproducente. Isso é muito importante para estudantes, atletas e instrumentistas.

Olhar Virtual: A senhora já escreveu outros livros que divulgam a Neurociência de maneira simples e divertida e também possui um site com o mesmo objetivo. Existem projetos de novos livros?

Vou escrever mais um livro, que dessa vez apresentará um panorama geral sobre a organização e o funcionamento do cérebro. Novamente o projeto está voltado para quem não é especialista, para o leitor que tem curiosidade de aprender sobre si mesmo e que quer compreender o sistema nervoso sem precisar entender as minúcias da Ciência. O objetivo é esse próximo livro servir como complemento aos outros lançados anteriormente.

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