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Edição 206      03 de junho de 2008


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Novo Laboratório do Instituto de Psicologia privilegia a terceira idade



Julia Vieira

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O Instituto de Psicologia (IP/UFRJ) organizou recentemente um novo laboratório que visa ampliar os estudos de informática na 3ª idade. Coordenado pelo diretor do IP, Marcos Jardim, o Laboratório de Psicologia para Estudos de Informática e 3ª Idade tem como objetivo desenvolver, através de capacitação em informática, trabalhos com grupos e geração de material, condições para o pleno exercício de cidadania, via mobilização e grupos de pressão, fortalecendo o papel protagonista do homem e da mulher idosos.

O Laboratório, localizado no pavilhão Nilton Campos, no Instituto de Psicologia, foi inaugurado no dia 13 de maio com a presença do reitor Aloísio Teixeira e de Ana Cláudia Figueiredo, representante da IBM no Brasil. Sua construção só foi viável graças ao apoio da IBM Brasil ao Instituto de Psicologia. Através de doação, administrada pela Fundação Universitária José Bonifácio, o Programa de Valorização do Envelhecimento (PROVE) poderá agregar, aos estudos que já que vinha desenvolvendo, novos trabalhos sobre movimentos sociais, estruturação de redes e tecnologia da informação.

Marcos Jardim lembra que, de acordo com a Constituição de 1988, cabe às universidades contribuir para a sociedade através de ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, sendo a última voltada para a aplicação e disseminação dos conhecimentos adquiridos em meio acadêmico. E é exatamente isso que o PROVE procura fazer. O PROVE é um projeto de extensão, criado em 1996 pela professora e psicóloga dra. Lígia Py, no Instituto de Neurologia Deolindo Couto, da UFRJ, que vem cumprindo com a finalidade acadêmico-assistencial, abrangendo as vertentes de ensino, pesquisa e assistência.

No campo do Ensino, os alunos de Psicologia, Serviço Social e Fonoaudiologia desenvolvem estágio curricular, com supervisão sistemática, que viabiliza o aprendizado de conceitos e práticas gerontológicas, resultando em produção acadêmica em termos de relatórios, monografias e projetos de pesquisa. No Ambulatório de Neurologia para Idosos, do Instituto de Neurologia Deolindo Couto, o atendimento é realizado por médicos residentes de Neurologia e alunos de graduação de Psicologia, Fonoaudiologia e Fisioterapia, o que constitui o aprendizado de forma prática para estes alunos. Existe ainda o desenvolvimento de um programa de formação de recursos humanos, que faz interface com os alunos da Escola de Serviço Social.

O PROVE organiza-se numa dinâmica metodológica que inclui informação, estudo, investigação, reflexão, discussão, tematização e intervenção, inspirando-se nas bases da pesquisa qualitativa em saúde. Utiliza as técnicas de observação participante, entrevista psicológica semi-estruturada, dinâmica de grupo, atendimento médico e laboratorial. Nos grupos, as atividades desenvolvidas ressaltam o encontro intergeracional, com vistas à criação de um lugar de pertinência ao acolhimento das demandas do grupo e à reflexão crítica, envolvendo idosos, profissionais e alunos estagiários, cujo produto venha a constituir-se em ações transformadoras, tanto para os velhos como para os jovens. O desenvolvimento desse trabalho multidimensional e multidisciplinar visa à promoção, à investigação e ao tratamento da saúde dos usuários idosos, realizando-se através das seguintes atividades como oficinas de alongamento, de dança, pintura, leitura e poesia e da prática do teatro.

O objetivo do Programa de Valorização do Envelhecimento com este Laboratório é ampliar as atividades tendo como foco principal a população da 3ª idade – pessoas com mais de 60 anos – localizada em Copacabana, bairro que abriga o maior contingente de idosos do Brasil, de acordo com dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Marcos Jardim explica os motivos que levaram à escolha de Copacabana como foco de estudo: “O bairro tem um alto índice de idosos e devido a esta característica, foi incluído em pesquisa comparativa conduzida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em estudo sobre a relação entre população idosa e espaços urbanos, já que este é o grupo demográfico com maior crescimento no mundo”. 

O diretor do IP ainda destaca o fato de o bairro ter diversas instituições voltadas para a terceira idade, mas vários temas não são resolvidos de forma satisfatória, principalmente pelos setores públicos, provedores de tais serviços para esta parcela significativa da sociedade.

Além disso, existe o fator da proximidade entre Copacabana e a Praia Vermelha, o que favorece os trabalhos de pesquisa e extensão, pois é considerado campus vicinal.     “Há que se apontar um aspecto diferencial: está chegando na 3ª idade uma geração que viveu extraordinárias transformações sociais impactadas pela adoção de novas tecnologias, lideradas pela tecnologia da informação”, salienta o diretor que acredita ser fundamental o papel reservado à informática como instrumento de integração social dos idosos.

As novas instalações do Laboratório propiciarão várias atividades para os idosos, entre elas: treinamento em técnicas de entrevista – individual e grupo; treinamento em técnicas de grupos; análise de relações em pequenos grupos; registro audiovisual de entrevistas, palestras, depoimentos; estudo da interação do homem com o computador. O Laboratório possui uma sala destinada a pesquisas de ferramentas de informática, analisadas pelo prisma do fator humano, e uma sala para trabalho com pequenos grupos. Ambas as salas, acessíveis a portadores de necessidade especial (cadeirantes), estão conectadas às redes de dados do Instituto de Psicologia e da UFRJ, podendo servir de apoio às atividades de ensino e extensão da graduação e programas de pós-graduação. Os equipamentos instalados permitem transmissão de dados, inclusive imagem e voz.

Jardim acredita que através de combinação de metodologias, com base na capacitação em informática, trabalhos com grupos, geração de conteúdo e articulação com movimentos existentes na área de estudo, “este grupo demográfico pode desempenhar papel ativo, à semelhança do que ocorre em sociedades contemporâneas mais desenvolvidas”, finaliza o diretor do Instituto de Psicologia da UFRJ.

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