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Edição 215      05 de agosto de 2008


Entrelinhas

Por dentro da Eletroencefalografia

Cinthia Pascueto - AgN/Praia Vermalha

capa do livro

A Medicina conta com as mais variadas técnicas e equipamentos no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças. Além disso, novas tecnologias surgem a cada dia para aprimorar os estudos e elevar nossa qualidade de vida.

Entre essas facilidades da área da saúde está a eletroencefalografia, que é o tema do livro Eletroencefalografia: fundamentos, organizado por Marleide da Motta Gomes, professora associada da Faculdade de Medicina da UFRJ e mestra em Epidemiologia Clínica, e Hélio Bello, especialista em Eletroencefalografia pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica.

Para conhecer mais sobre essa técnica que serviu de base para o livro, o Olhar Virtual conversou com Marleide da Motta Gomes.

Olhar Virtual: O que é a Eletroencefalografia?

A técnica foi desenvolvida na década de 1920, pelo psiquiatra alemão Hans Berger. É o estudo das ondas elétricas produzidas no encéfalo, captadas a partir de eletrodos que transformam os pulsos em registros gráficos. A partir disso, é feita uma análise visual ou matemática do processamento do sinal digitalizado.

Olhar Virtual: Qual a aplicação desse exame?

A princípio, a eletroencefalografia era utilizada em grande parte dos exames cerebrais, restringindo-se atualmente ao uso em diagnósticos de epilepsia e em unidades de tratamento intensivo (UTIs). Atualmente existem outros recursos, as técnicas de neuroimagem, como por exemplo, a ressonância magnética nuclear e tomografia computadorizada. A eletroencefalografia, no entanto, apresenta vantagens por ser um exame relativamente barato e de fácil realização.

Olhar Virtual: Existem restrições à Eletroencefalografia?

Nenhuma: qualquer pessoa, de qualquer idade pode ser submetida ao exame. No entanto, a leitura do eletroencefalograma deve ser feita com muito cuidado no diagnóstico, pois apresenta variações de acordo com a idade ou com o local da captação, pois o resultado pode diferir se o paciente for criança, adulto ou idoso, se a captação é frontal ou posterior, do lado esquerdo ou direito. Essas diferenças são normais e o médico precisa conhecer cada uma delas. Não se pode receitar medicamento por alterações dentro da normalidade, sendo que também podem ocorrer alterações compatíveis com cada doença.

Olhar Virtual: Como surgiu a idéia de fazer um livro sobre o tema?

Porque a Eletroencefalografia não pode ser compreendida em toda sua extensão por alguém isoladamente e em particular. Com a integração de especialistas de diversas áreas – como a Engenharia e a Medicina – isso se torna possível. Essa iniciativa é importante por congregar diversos eletroencefalografistas do Rio de Janeiro e também a área técnica, propondo um alcance além eletroencefalografia em si.

Olhar Virtual: Como é livro aborda a Eletroencefalografia?

O livro aborda aspectos técnicos fundamentais com uma abrangência bastante extensa, contemplando os fundamentos técnicos e instrumentais a partir da contribuição da Engenharia e da técnica pelo eletroencefalografista clínico. Eletroencefalografia – fundamentos dispõe também de vários traçados ilustrativos que podem ajudar bastante as pessoas interessadas nessas áreas.

Olhar Virtual: Qual o público-alvo do livro?

O intuito é o de ser material de apoio para estudantes da Saúde, da Engenharia e para interessados no assunto, mesmo que não sejam desses campos de estudo. Não é um livro avançado, é voltado para pessoas que estão começando, que querem algum aprimoramento.

Olhar Virtual: Como se estrutura a obra?

O livro foi organizado por mim e por Hélio Bello, formado pela UFRJ e um dos grandes nomes da eletroencefalografia tradicional no Rio de Janeiro. Reunimos diversas considerações sobre o assunto em 14 capítulos, que contam com a participação de especialistas do Rio de Janeiro e em especial da UFRJ: são neurologistas, psiquiatras, encefalografistas e engenheiros, que discorrem sobre a neurofisiologia, a semiologia, o funcionamento e instrumentação dessa técnica, e outras abordagens. Dentre as participações de profissionais da UFRJ, estão representados o Instituto de Psiquiatria (IPUB), Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC), Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE). É interessante lembrar que apesar de expressiva participação de professores e pesquisadores de nossa instituição, o livro é uma obra desvinculada da UFRJ.

Olhar Virtual: Qual a importância da participação desses profissionais da UFRJ?

Isso é essencial dentro de uma universidade: poder compartilhar o saber em prol de uma técnica. Como disse anteriormente, nenhuma técnica pode ser bem compreendida em toda sua extensão por uma única pessoa. Por exemplo, um médico, individualmente, não vai conseguir sozinho captar todo o funcionamento do eletroencefalograma. Essa interação dentro da universidade pode ser feita e expressa em um livro como este.

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