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Edição 275      10 de novembro de 2009


Saúde e Prevenção

O papel da Instituição de ensino superior na sociedade: possibilidade de epidemia de dengue se aproxima junto com o verão.

Rafael Gonzaga

As autoridades no Brasil todo já estão em alerta com uma ameaça de nova epidemia de dengue no país, com a aproximação cada vez maior com o verão. O Ministério da Saúde declarou que é o Rio de Janeiro o estado mais preocupante, por liderar as estatísticas da dengue no país. De acordo com os dados do ministério, no período compreendido entre janeiro e junho deste ano, houve um aumento no número de mortes de mais de 150%, em relação ao mesmo período de 2010. Para debater melhor essa situação o professor Roberto Medronho, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, prestou alguns esclarecimentos.

No que diz respeito ao papel de uma grande universidade em relação ao tratamento de uma doença como a dengue, o professor Medronho foi bastante claro: “o papel da universidade pode ser dividido em dois níveis fundamentais em relação à dengue. O primeiro deles é a formação de pessoas competentes tecnicamente, compromissadas socialmente e com uma sólida formação ética para o enfrentamento desta e de outras doenças e agravos importantes na saúde pública. Então, nós estamos aqui na Faculdade de Medicina formando profissionais que possam atender de forma adequada aos casos de dengue e também atuar na prevenção da doença. O segundo nível seria o de que, além disso, é necessária a produção e difusão de conhecimento socialmente útil, o que significa que é fundamental que nós estejamos desenvolvendo esforços, e nesse sentido há uma grande mobilização de diversos pesquisadores na UFRJ para conhecer melhor o problema da dengue no que diz respeito a poder prevenir de forma adequada e eficiente a ocorrência da doença. Nós temos diversos institutos, diversas unidades acadêmicas pesquisando em relação ao mosquito, em relação ao vírus, em relação a uma vacina, em relação às questões referentes à saúde coletiva, enfim, um grande número de cientistas unidos no estudo da dengue para melhor prevenir.”

Ainda sobre os dados alarmantes para o próximo verão, a prefeitura do Rio afirmou que as análises das epidemias que já ocorreram na cidade só indicam que existe a grande possibilidade de o verão de 2012 atingir números recordes nos casos registrados da doença.  Levando em conta que todo o espaço físico da UFRJ também está inserido nessa problemática, o diretor Medronho afirmou: “A Reitoria criou um grupo de prevenção da dengue no âmbito da UFRJ que, em períodos anteriores, foi bastante pró-ativa na atuação com os servidores técnico-administrativos, docentes e também com o corpo discente, através de uma grande mobilização para a eliminação dos possíveis focos de Aedes aegypti dentro do campus da UFRJ. Certamente, com a aproximação dessa provável epidemia aumentaremos novamente os esforços para continuar lutando contra o mosquito da dengue aqui na Universidade.”

O papel da Universidade

Existe, então, de fato, a necessidade de a Universidade de posicionar diante da sociedade que a abriga em situações complicadas, como no caso, uma epidemia. No que diz respeito à UFRJ, pode-se falar de praticamente uma cidade, com grande rotatividade diária de pessoa o que acaba favorecendo a circulação do próprio mosquito.

“É fundamental que todos os setores da universidade tenham a atenção voltada para a prevenção da doença no seu local de trabalho e também na sua residência, claro. Dentro das nossas residências, todos já sabemos que é estar atento com as caixas d’água, com os vasos de plantas, com as calhas, quer dizer, com qualquer coleção hídrica que favoreça a criação de Aede aegypti”, relata Medronho.

Mas no seu local de trabalho também é fundamental. Em primeiro lugar, deve haver uma atenção especial com as calhas, que devem estar totalmente desobstruídas, e as caixas d’água da universidade, absolutamente vedadas, por serem grandes possíveis criadouros do mosquito. Outro ponto seria o de evitar plantas aquáticas, substituindo por plantas terrestres. “Com isso, estaremos realizando uma grande contribuição, de forma a nos proteger e proteger também nossos colegas, buscando um ambiente livre da dengue”, aconselha o professor.

Se tratando de uma doença que tem se mostrado cada vez mais grave, vitimado cada vez mais pessoas, e com a não existência da vacina, “mais do que nunca nós precisamos ter a consciência de evitar ao máximo qualquer desenvolvimento do mosquito no nosso local de trabalho e no nosso local de moradia. Assim, poderemos passar por essa possível próxima epidemia sem grandes danos”, explica o diretor Roberto Medronho.

 

Edição 272 – publicado em 13 de outubro de 2011

 

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