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Edição 276      17 de novembro de 2009


Zoom

Convergência e interatividade

João Pedro Dutra Maciel


Entretenimento e informação em toda hora, todo lugar e em todos os formatos  são os desejos do público que utiliza, cada vez mais, plataformas digitais para se manter atualizado, segundo a opinião dos especialistas que participaram do debate “Rio Digital: uma aposta no futuro”. Ocorrido no Salão Dourado do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no último dia 12, o evento ressaltou a importância da convergência e da interatividade nos meios de comunicação, uma consequência da evolução do comportamento dos consumidores, que hoje em dia preferem assistir a seus programas favoritos na internet,  podendo mandar seus e-mails através do próprio telefone celular.

Para Salustiano Fagundes, diretor da HXD Interactive Television, empresa brasileira que desenvolve mídias interativas para TV Digital, a geração atual é “multiconvergente”, pois possui diversas possibilidades de interação com os diferentes suportes. “Entender o que este mercado quer é descobrir uma nova linguagem de intercessão entre essas múltiplas áreas”, afirmou, durante o evento. Na opinião de Roni Wajnberg, gerente de Soluções de Mobilidade da Oi, apenas com o tempo será possível compreender a revolução digital que o mundo está vivenciando. “Mas o entendimento desse ambiente convergente passa pela integração de setores adjacentes, gerando novos serviços e novos conteúdos”, frisou, em referência a tal interatividade, que permite que a produção não seja feita apenas para os próprios clientes, mas também por eles.

Para se ter uma ideia, segundo dados apresentados por Nelson Hoineff, produtor e diretor de televisão, em junho de 2009, só no Brasil, o número de internautas cresceu mais de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Já a quantidade de mensagens de texto, enviadas por celular diariamente no mundo, superou recentemente o total de habitantes do planeta (mais de 6,6 bilhões), enquanto 74% das pessoas com TV em seus próprios aparelhos telefônicos passaram a assistir, sem interrupção, a pelo menos 30 minutos de programação televisiva. “O horário nobre tradicional da televisão se flexibilizou”, constatou Hoineff, explicando que agora as pessoas não precisam mais estar em casa para ver os programas. “Elas podem estar indo ou voltando do trabalho, enquanto acompanham tudo pelo celular”, explicou.

Digitalização da TV no Brasil

Último dos “baluartes” a aderir à convergência de mídias, a televisão brasileira também se integrou ao cenário da digitalização, a partir de 2007, ao se sentir ameaçada. Talvez por ter se deparado com a necessidade de subverter seu modelo de negócio nas últimas seis décadas, a TV tenha demorado a perceber a urgência da mudança. Entre as possibilidades suscitadas por Nelson Hoineff, a modificação nos hábitos de consumo e a rigidez televisiva em convergir mídias também foram citadas no debate. Apesar do atraso, porém, Salustiano Fagundes defendeu o formato de alguns programas esportivos, novelas e reality shows que já definiam seu rumo através da opinião popular. “Desde os programas de auditório até a participação através do telefone e do e-mail, a nossa TV sempre foi muito interativa. A diferença é que agora ganhamos mais interatividade com o controle remoto”, declarou.

Para ele, a tendência é buscar algo que seja lúdico e  agregue criatividade e valor cultural para a TV Digital, de forma a prender o espectador em frente ao televisor. “Acho que isso não será problema para nós (brasileiros). Já desenvolvemos software bem, produzimos televisão bem e fazemos publicidade bem. Nossa televisão digital também será de qualidade”, concluiu. Na visão de Roni Wajnberg, o futuro das telecomunicações também estará atrelado a inovações no setor tradicional de tecnologia, principalmente as relacionadas ao mundo virtual. “Há hoje uma propensão digital muito grande em viver conectado o tempo todo. O Twitter é o grande exemplo disso. Precisamos nos adaptar o tempo todo às novidades que surgem nessas novas mídias”, reiterou.

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