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Edição 353      30 de agosto de 2011


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Rumo a uma metrópole melhor



Aline Durães

De 24 a 26 de agosto, a UFRJ promoveu, em parceria com a Rede Universidade Nômade, o 3º Seminário Internacional Capitalismo Cognitivo, com o tema “Revolução 2.0: da crise do capitalismo global à constituição do comum”. Durante três dias, professores, pesquisadores e representantes de movimentos nacionais e internacionais participaram das mesas de debate que refletiram, entre outros assuntos, sobre a crise do capitalismo e a democracia em rede.

A metrópole e os novos conflitos gerados no interior dela também foram pauta do evento, durante a palestra de Gerardo Silva, pesquisador da Universidade Federal do ABC (UFABC). O professor abordou a problemática local no âmbito metropolitano do Rio de Janeiro. “Devemos pensar em planejamento urbano sem acreditar que seja necessária uma intervenção do Estado para isso”, afirmou.

Para contextualizar a discussão, Gerardo conceituou o termo metrópole. Abandonando as definições habituais, que a encaram como um lugar de comando ou como lugar de sofisticação, o professor entende a metrópole como “desmedida da cidade”. “A metrópole contém a cidade, mas o inverso nem sempre é verdadeiro. Há uma parte da metrópole que não é vista.”

Segundo Gerardo, a noção de governança revolucionou a forma de tratar a temática urbana. “Hoje, olhamos para além do urbanismo. A governança se traduz em um tipo de gestão compartilhada do território. Ela abre brechas para que novos atores participem da gestão pública”, explicou.

Nesse contexto, um dos principais desafios é promover a maior participação da periferia nos assuntos centrais da metrópole. A sugestão do pesquisador é que se dê mais visibilidade às produções culturais e às tendências criativas “politicamente inaugurais” da periferia. “O trabalho da governança deveria ser pensado como potencialização das experiências culturais bem-sucedidas”, propôs Gerardo.

Como exemplo, o professor apresentou um estudo no qual avalia a agenda do desenvolvimento da Zona Oeste do Rio. A região, embora abrigue um grande número  de indústrias, é a mais pobre da cidade. O tipo de desenvolvimento pretendido para o local visa apenas ao crescimento industrial, deixando de lado uma agenda capaz de aproveitar a dinâmica dos atores locais. “Há uma série de atores invisíveis, entre eles gravadoras de música gospel, escolas de samba e projetos sociais, que poderiam ser estimulados para gerar um desenvolvimento que fosse descolado do simples movimento industrial fordista.”

Identificar esses parceiros e trabalhar com eles são, na opinião de Gerardo, duas metas indispensáveis para que a metrópole consiga superar conflitos e alcance um desenvolvimento mais igualitário.

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