Ponto de Vista

Porque participar do Forum Mundial de Educação

Luciana Campos

De 23 a 26 de março acontecerá, na cidade de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, o II Fórum Mundial de Educação. Estarão participando do evento diversas instituições de ensino do mundo inteiro. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, apresentará projetos e realizará conferências, como a que será proferida pela Pró-reitora de Extensão, professora Laura Tavares, que fala ao Olhar Virtual sobre a participação da universidade no Fórum e a importância deste evento na construção de um novo modelo educacional.

"Pela primeira vez, depois da sua criação em 2001 no Forum Social Mundial (FSM) em Porto Alegre, o Forum Mundial de Educação (FME) se realiza fora do eixo das capitais Rio-São Paulo. Com o tema Educação Cidadã para uma Cidade Educadora o FME se realizará este ano no município de Nova Iguaçú no período de 23 a 26 de março. Tal como o FSM, o FME fundamenta-se em dois pilares básicos: a construção de uma alternativa ao projeto neoliberal  e o pluralismo de idéias, concepções e métodos. Trata-se de um espaço aberto a todos os que desejam debater e construir uma Educação que contribua para um mundo melhor, mais justo e igualitário.

Três eixos temáticos nortearão o debate: Educação, Cultura e Diversidade; Ética e Cidadania em Tempos de Exclusão; e Estado e Sociedade na Construção de Políticas Públicas. O primeiro deles permitirá demonstrar o papel da Educação e da Cultura no respeito à Diversidade entre os povos e na construção da sua História  com dignidade. O segundo resgata valores fundamentais como a Ética e a Cidadania como propósitos da Educação, retirando-a dos limites estreitos do neoliberalismo que apenas reproduz uma visão utilitária e instrumental da Educação para o “mercado”. Para que a Educação se constitua verdadeiramente em um direito fundamental, o terceiro eixo resgata o debate acerca da responsabilidade do Estado e do papel da Sociedade na construção de Políticas Públicas que permitam o acesso universal a uma Educação Pública de qualidade para todos.

A UFRJ, como Universidade Pública, não pode se furtar a participar desse debate. Trata-se de uma oportunidade única para a divulgação de suas experiências educativas, através do ensino, da extensão e da pesquisa, bem como para o intercâmbio não apenas com outras instituições de ensino superior – nacionais e internacionais – mas também com outras entidades representativas no campo da educação. Será um espaço privilegiado para cumprir com a sua missão de divulgar o conhecimento gerado nos espaços acadêmicos para segmentos da população que continuam à margem do acesso ao ensino superior público e de qualidade.  Além disso, trata-se também de abrir a Universidade para o debate público, “oxigenando” e renovando suas idéias e redefinindo sua missão neste momento particular da história do Brasil e da América Latina.  O desafio posto pelo Congresso “Universidade 2006” realizado em Cuba em fevereiro deste ano foi o da universalização do acesso ao ensino superior em todo o continente. Neste sentido, a posição do Brasil é no mínimo “desconfortável” frente a países muito mais pobres (do ponto de vista econômico) do que o nosso: temos apenas 9% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos freqüentando a Universidade (sendo que apenas 2% tem acesso às Universidades Públicas); enquanto que 52% dos jovens cubanos e 20% dos jovens equatorianos freqüentam a Universidade."