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REUNI e a expansão da UFRJ

Aline Durães

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De 18 a 22 de junho, as unidades acadêmicas da UFRJ apresentaram seus projetos de ampliação para a comissão criada, em dois de maio pelo reitor Aloisio Teixeira, para avaliar o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e propor diretrizes para as ações a serem encaminhadas pela UFRJ ao Ministério da Educação (ME).

Nos encontros, realizados a partir das 13h30min no Salão do Conselho Universitário (Consuni), os representantes dos institutos expuseram seus principais projetos de desenvolvimento e enumeraram os recursos humanos e financeiros necessários à implementação das mudanças. Propostas de aumento de vagas, de criação de cursos e de intensificação das atividades de interiorização da UFRJ foram recorrentes nas apresentações.

A idéia de expansão da Poli, por exemplo, envolve a oferta de 100 novas vagas já para o vestibular 2008. Ao contrário do que ocorre com os alunos que ingressam hoje, esses 100 estudantes não fariam a opção por habilitação no momento da inscrição para o processo seletivo, mas apenas depois de um ciclo básico composto por quatro períodos.

Ericksson Almendra, diretor da unidade, ressaltou que os novos discentes supririam as vagas ociosas originadas com os processos de evasão, que, na Poli, atingem índices de 30%: “Temos 240 vagas não-ocupadas que poderiam servir para alocar esses alunos. Além disso, esse curso atende a uma parcela de estudantes que chega à universidade sem condições de fazer escolhas, que gostaria de retardar a decisão”, destaca Almendra, explicando ainda que o novo método não exclui o atual, no qual os vestibulandos optam, de antemão, por um curso específico.

A Escola de Comunicação (ECO), por sua vez, sugeriu a criação de 38 novas vagas também para o vestibular de 2008, o que significaria um aumento de 20% sobre o efetivo atual de entrada de alunos. A congregação da Escola demonstrou interesse em deslocar uma das habilitações oferecidas na unidade para o turno da noite, no qual, hoje em dia, já funciona o curso de Rádio e TV. “Pensamos ainda na possibilidade de criar uma turma com 40 alunos de ciclo básico à noite, mantendo as duas que funcionam no horário da tarde”, enfatizou Amaury Fernandes, diretor adjunto de Graduação da ECO.

Cursos Novos

Algumas unidades basearam seus projetos de reestruturação na implementação de novos cursos. Foi o caso do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), que pretende oferecer, em um prazo de dois anos, o curso de Graduação em Saúde Coletiva, primeira iniciativa desse tipo na América Latina: “Os nossos sanitaristas são formados pela Pós-Graduação. Essa é a única profissão que, apesar de reconhecida como tal, não tem curso de Graduação”, aponta Letícia Legay, diretora do IESC, salientando ainda que, para a implementação dessa idéia, serão necessários dez novos professores e cerca de um milhão de reais para a construção de laboratórios.

A decania do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) socializou a intenção de instituir um curso interdisciplinar de Relações Internacionais. Com duração de quatro anos e funcionamento previsto para o período noturno, o novo curso se constitui em uma inovação acadêmica, visto que sua realização envolve diferentes unidades da UFRJ. “Essa iniciativa é um exemplo máximo de colaboração na nossa universidade”, comentou o docente Luiz Antônio, membro da comissão avaliadora das propostas.

O CCJE trouxe a público ainda a proposta de criar o curso de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social (GPDES) para atender a demanda, cada vez maior, de organizações públicas e instituições, principalmente aquelas vinculadas ao Terceiro Setor, por dirigentes capacitados. O GPDES propõe uma formação interdisciplinar, já que possui uma grade curricular com disciplinas do Instituto de Economia (IE), da Faculdade Nacional de Direito (FND), do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) e da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC): “Temos a pretensão de que esse é um curso inovador em termos de Brasil”, salientou Carlos Wainer, professor do IPPUR, ressaltando que os aspectos institucionais e legais do curso, tais como a regulamentação e o título profissional, ainda precisam ser definidos.

Interiorização

Atualmente, a UFRJ já possui um campus avançado em Macaé, onde funciona o Núcleo de Pesquisas em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé (Nupem). Intensificar as ações dessa iniciativa, que partiu, inicialmente, do Instituto de Biologia (IB), é interesse de outras unidades da UFRJ. O Instituto de Química (IQ), por exemplo, almeja criar uma turma, com 50 vagas e início previsto para o primeiro semestre do próximo ano, de Licenciatura em Química na região.

Também a Faculdade de Educação (FE) intenta ampliar o seu atendimento, fixando professores em Macaé, às turmas de Licenciatura do Nupem. Já a Faculdade de Medicina (FM) deseja aproveitar a estrutura do centro universitário, disponibilizada pela Prefeitura da cidade, para instalar uma turma com 60 alunos na região: “Existe excesso de médicos, mas não no interior do estado. Além disso, nem todos os médicos existentes possuem a qualidade dos profissionais formados pela UFRJ. A ida para Macaé é benéfica não apenas para a região como para o campus atual, pois pressupõe investimentos nas suas estrutura e adequação”, afirmou Antônio Ledo, diretor da FM.

Explicando o PDE

O PDE é uma iniciativa do governo federal que visa, em última instância, reestruturar todos os níveis da Educação no Brasil. Especificamente para o Ensino Superior, o ME lançou, em abril deste ano, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), que propõe elevar, em um prazo de cinco anos, a taxa de conclusão média dos cursos de Graduação para noventa por cento e a relação aluno-professor para dezoito, promovendo assim a universalização do acesso dos jovens às Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes).

Para tornar possível o cumprimento das metas contidas no texto do REUNI, o governo federal se compromete a disponibilizar recursos financeiros adicionais às universidades que optarem por aderir ao programa, além de conceder autonomia às instituições participantes ao permitir que cada uma delas elabore um modelo próprio de expansão, que possa levar em conta suas urgências e vocações.

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