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Engenharia na UFRJ: modelo para outros países

Kareen Arnhold

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A Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Poli/UFRJ) servirá como modelo do primeiro curso de Engenharia em Burquina Faso, no interior da África Ocidental. No próximo mês, representantes da Poli, do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e do Ministério das Relações Exteriores do Brasil viajam ao país africano para avaliar as condições educacionais e a possibilidade de implantação de um curso de Engenharia lá.

A comissão montada para esta missão fará um levantamento sobre o sistema educacional da região, quantitativo e qualitativo. À Escola Politécnica caberá avaliar as condições para a existência de um curso de Engenharia em Burquina, atuar com o treinamento de profissionais para dar aula, e com a elaboração dos currículos e das ementas dos cursos relacionados à área.

“Não tem nada a ver com criarmos uma Escola de Engenharia na África; estamos participando de uma missão para ajudar em um projeto que o país pretende realizar”, esclarece o diretor Érickson Almendra, que lembra: “a Poli só funciona na Ilha do Fundão na cidade do Rio de Janeiro”.

Intercâmbio: cultura sem fronteiras

O interesse do governo brasileiro no projeto de constituição de um curso de Engenharia no país africano é acentuar a chamada política sul-sul e garantir posição estratégica nas interações comerciais, estreitando as relações com países de igual ou inferior nível de desenvolvimento.

Com a mesma perspectiva, a Escola Politécnica da UFRJ visa ampliar seu sistema de convênio com universidades estrangeiras, ultrapassando o limite de relações unicamente estabelecidas com países ricos. Essa investida vai além da questão técnica: o que se busca é a troca de experiências culturais, conforme ressalta Érickson:

“Queremos mandar para o exterior e receber em nossas salas de aula cada vez mais alunos. Não faz diferença que seja um francês ou um burquinês; o que interessa é que os estudantes convivam com culturas diferentes, procurando o que há de melhor em cada país”.

Atualmente, a Poli oferece duas modalidades de intercâmbio: uma para troca de créditos e outra para a obtenção do duplo diploma. Na primeira modalidade, o estudante, após o 5º ou 6º período de graduação, pode cursar disciplinas em outro país durante até um ano e pedir equivalência ao retornar para a UFRJ.

Este é o caso de Joana Vieira, do 9o período de Engenharia Elétrica. Na Espanha desde fevereiro, ela ressalta as vantagens que está conseguindo:

“Além da percepção da qualidade de ensino da UFRJ, o intercâmbio traz diferenciais para os futuros profissionais. Na engenharia, onde cada vez mais os grupos de trabalho tendem a ser multi-étnicos, compreender as diferenças de cultura e ter domínio de línguas facilita enormemente o relacionamento no trabalho”.

Na segunda modalidade de intercâmbio que a universidade disponibiliza, não apenas o aluno sai ganhando; a instituição também se beneficia com o reconhecimento estrangeiro, que lhe confere equivalência de qualidade. “Além da aprendizagem, o reconhecimento internacional prova que nosso curso é tão bom quanto os outros”, garante o diretor da Escola Politécnica.