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Pesquisa estuda aproveitamento energético em estações de tratamento de esgoto



Miriam Paço - AGN/CT

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Esgoto é o despejo da água já utilizada em fins domésticos, comerciais, agrícolas e industriais, entre outros. Seu cheiro desagradável, a presença de bactérias causadoras de inúmeras enfermidades e de elementos químicos que afetam o meio ambiente tornam necessário o tratamento adequado.

No entanto, durante esse procedimento, diversos gases escapam para a atmosfera e, por isso pesquisas são desenvolvidas visando à melhor forma de reduzi-los.

O esgoto é formado por água e lodo, composto por sólidos suspensos, dissolvidos, matéria orgânica, nutrientes e microorganismos. Durante o processo de tratamento, podem ser aplicados nele as fossas sépticas (usadas, sobretudo, em meios rurais), os filtros biológicos (uma película microbiana absorve a matéria orgânica), processos aeróbios (com presença de oxigênio), anaeróbios (ausência de oxigênio) etc.

- Dentre todos, o meio mais eficaz de tratamento de esgotos é o anaeróbio, realizado em uma câmara sem oxigênio onde as bactérias atuam sobre os dejetos, digerindo-os e liberando gases na atmosfera. Entre eles, está o metano, importante fonte alternativa de combustível mas, durante muito tempo, negligenciado – explicou o pesquisador Luciano Bastos da COPPE-UFRJ.

A CEDAE e a COPPE, em parceria, desenvolvem uma pesquisa que visa identificar a melhor forma de aproveitamento energético dos gases presentes no esgoto. Embora ainda em andamento e sem resultados concretos, o projeto estuda a possibilidade de produzir biogás e biodiesel a partir do metano e da gordura, encontrados em larga escala nos dejetos. A princípio, a energia produzida será usada nas próprias estações.

- Por enquanto, a melhor maneira de reduzir a emissão dos gases provenientes das estações de tratamento de esgoto é através da queima dos mesmos. Embora existam outros métodos, eles acabam sendo muito caros e inviáveis. Esse trabalho que estamos desenvolvendo poderá reduzir a emissão de carbono na atmosfera, a utilização de combustíveis fósseis para a produção da mesma quantidade de energia e ainda acabará com o mau cheiro – esclarece Bastos.

A pesquisa trabalha com as quantidades de resíduos armazenados disponíveis, uma vez que a geração de energia só é viável se esse número for significante.

A redução desses gases se torna necessária devido aos danos que eles causam ao meio ambiente e conseqüentemente aos seres humanos. O gás sulfídrico, responsável pelo mau cheiro, contribui para a chuva ácida e assim contamina água e alimentos. O metano, inodoro e incolor, chega a ser mais prejudicial para o efeito estufa e, por conseguinte, ao aquecimento global do que o próprio gás carbônico. Além destes, outros causam danos severos ao local em que vivemos.

Esse projeto, além de beneficiar a população que vive próxima aos locais de tratamento, também apresenta resultados favoráveis para a economia do país. É possível poupar cerca de três milhões de reais anuais, em virtude da substituição da fonte energética utilizada no abastecimento das próprias estações. A iniciativa ainda propicia a obtenção de incentivos pela venda de crédito de carbono para outros países.

- O grande problema das estações é que os gases liberados quase sempre não são aproveitados. Precisamos mudar essa realidade. É o que esperamos através dessa parceria – finaliza o pesquisador.