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Alternativas para o transporte na Cidade Universitária

Júlia Faria

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No último dia 8 de julho, um encontro realizado na UFRJ reuniu o reitor Aloísio Teixeira, membros da comunidade acadêmica e representantes da Secretaria Estadual de Transportes para apresentação de um estudo técnico acerca de formas alternativas para o transporte na Cidade Universitária. Cerca de 65 mil pessoas circulam diariamente pelo campus, este já é elemento constituinte de um tráfego significativo. Com a criação de novos cursos, além da expansão das estatais localizadas na Ilha, a estimativa é que esse número alcance a marca de 100 mil indivíduos até o ano de 2010.

Segundo Carlos Levi, pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento (PR-3), diante da discussão em torno das estratégias de expansão da Universidade, com foco a concentrar as atividades na Ilha do Fundão, é fundamental garantir uma infra-estrutura compatível. “Com a expansão da UFRJ, é indispensável levantar alternativas para novos meios de transporte adequados e confortáveis, além de viabilizar a qualificação dos transportes internos já existentes”, disse Levi.

Em curto prazo, as melhorias concentram-se na busca pela inclusão do Fundão em maior número de linhas de ônibus externos, além da construção de um viaduto, ligando a Cidade Universitária à Linha Vermelha no sentido Centro. “O viaduto, que deve se localizar após a bifurcação com a Linha Amarela, visa desafogar o trânsito que, sobretudo nos horários de pico, é muito intenso para quem deseja sair do Fundão. Com o apoio do governo do Estado, é previsto que as obras se iniciem e fiquem prontas em um período de um ano”, afirmou o pró-reitor.

Já em médio e longo prazos, as alternativas para locomoção concentram-se nos sistemas ferroviário e hidroviário. A SuperVia, concessionária responsável pela circulação de trens na cidade do Rio de Janeiro, possui o plano de criação de uma linha unindo Bonsucesso à Ilha do Governador, uma das estações estaria localizada na Cidade Universitária. A iniciativa tem previsão de seis a oito anos para efetivação e representa um investimento de 700 milhões de reais.

Quanto à utilização de meios hidroviários, o projeto tem origem no Programa de Educação Tutorial (PET) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE). Com um custo de 12 milhões de reais a serem financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a proposta é ligar o campus do Fundão e o da Praia Vermelha, além do campus da Universidade Federal Fluminense (UFF) no Gragoatá. De acordo com Hélio de Mattos, prefeito da Cidade Universitária, “o projeto viabilizaria o transporte de uma média de 100 a 150 passageiros. Porém, não vejo nele grandes possibilidades de concretização, uma vez que não há uma política intensa de utilização da baía de Guanabara”. Para a movimentação interna, há, também em desenvolvimento pelo COPPE, o projeto de construção de um trem suspenso, o Maglev-Cobra, que, segundo Levi, já possui recursos para a implantação de uma linha experimental, efetivando a importante combinação entre conhecimento adquirido na Universidade e oferta de benefícios à população.

A outra medida em vista é o emprego de uma malha ciclista. Até o final deste ano, faixas exclusivas para bicicletas serão implantadas ao longo do campus. Futuramente, a avenida Horácio Macedo, central no Fundão, será transformada em uma grande área de circulação de pedestres e bicicletas, enquanto os veículos utilizarão as vias que circundam toda a ilha.

Para Levi, o sistema de bicicletas é muito interessante. “A comunidade que forma o Fundão é predominantemente jovem e, portanto, mais sensível a esse tipo de transporte, que é viável ainda em função da topografia da região, formada essencialmente por retas”. O sistema funcionaria por meio de empréstimos, de forma que o usuário pegaria a bicicleta em um ponto, devolvendo-a em outro. “Nosso objetivo principal por ora é tornar o campus um ambiente confortável, recuperando o espaço externo aos institutos para um uso mais humano, ou seja, por parte de pedestres e ciclistas”, afirmou o professor.

– A meta é construir uma estação de integração, a ser localizada próximo ao Hospital Universitário, que estabeleceria uma conexão entre ônibus que passam pelo campus e as bicicletas a serem disponibilizadas pela Universidade. As obras para a estação devem começar ainda no segundo período deste ano, sendo efetuadas em três ou quatro meses – explicou o prefeito Hélio.

— O carro é veículo privado, ocupa as vias e dificulta o trânsito, o que implica em uma real necessidade de se discutir medidas alternativas para os transportes — concluiu o prefeito.