Plano Diretor

Em busca da sinergia acadêmica

Camilla Muniz

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Um dos alicerces do Plano de Reestruturação e Expansão (PRE) da UFRJ está na “expressão e projeção, no tempo e no espaço, de uma vontade coletiva, democraticamente construída, de fazer da UFRJ uma universidade contemporânea de seu próprio tempo, consciente dos desafios que lhe são lançados pelo desenvolvimento científico e tecnológico, e pela necessidade de preservar e desenvolver os valores culturais e artísticos da nacionalidade, assim como por uma sociedade que traz as marcas, tanto da condição periférica à globalização, quanto de perversas e inaceitáveis desigualdades e injustiças”. Esta é a frase que resume o conceito do Plano Diretor 2020 – Diretrizes Gerais, documento que reúne orientações para a evolução e o enriquecimento da instituição universitária como fomentadora da autonomia científico-técnica, da justiça social e da responsabilidade ambiental.

Dentre as diretrizes do Plano Diretor, está a proposta de definição de uma nova lógica de ocupação do campus da Ilha da Cidade Universitária que permita a integração acadêmica. Dessa forma, planeja-se criar no Fundão áreas de convivência em cada centro, além de um Espaço Central de Integração que possa abrigar bibliotecas, auditórios e restaurante universitário, entre outras instalações. Embora a concepção do projeto ainda se encontre em estágio básico, a região do campus onde se localizam o Centro de Tecnologia (CT) e o Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) vem sendo cogitada como ideal para receber o Espaço Central de Integração por apresentar, no momento atual, uma mínima sinergia entre as unidades.

Segundo Ângela Rocha dos Santos, decana do CCMN, a inexistência de centros de convivência seja, talvez, a carência mais marcante da Cidade Universitária. Para a professora, o projeto arquitetônico adotado pela universidade nas décadas de 1960 e 1970 dividiu o campus em três grandes blocos: um no centro da ilha, formado pelo CT e CCMN; um na parte norte, onde se encontra o Centro de Ciências da Saúde (CCS); e outro na parte sul, composto pelo Centro de Letras e Artes (CLA) e Reitoria. “Mesmo dentro destes blocos, lugares para convívio universitário são raros ou, quando existem, são, na maioria das vezes, não-institucionais — espaços criados pelos responsáveis pelos trailers de alimentação ou dentro dos raros restaurantes — e, portanto, poucos e inadequados”, acentua.

Devido a essa fragmentação territorial, Ângela vê a tentativa de criação de áreas de convivência que permitam e estimulem o convívio entre a comunidade acadêmica como um difícil desafio a ser vencido pela universidade. Apesar disso, a decana acredita no sucesso do projeto. “No CCMN, temos tentado vencer este isolamento com a criação do Centro Cultural Professor Horácio Macedo, que está integrado ao planejamento desta nova grande área de convívio e é responsável pela organização e divulgação de uma programação cultural mensal permanente. Completamos, em agosto passado, dois anos de programação de eventos acadêmicos e culturais, sempre com um ótimo público de todos os centros da Ilha e, até mesmo, de outras universidades”, comemora a professora, que ainda vislumbra na criação dos centros de convivência grandes possibilidades de resolução para os problemas relacionados aos locais de alimentação.

— Até o momento, foram infrutíferos os esforços que fizemos para a transferência dos trailers e a conseqüente criação de uma praça de alimentação condigna para nossos alunos e professores que pudesse ser uma outra área de convívio interessante e agradável, principalmente por não conseguirmos um lugar adequado para isso. Esta questão é muito importante na região do CT/CCMN e, em especial, para o CCMN, já que não temos, hoje, nem sequer um lugar decente para alimentação! Esta praça de alimentação está contemplada no Plano Diretor, dentro desta área prevista para convivência, o que, tenho certeza, é quase unanimemente apoiado por nossa comunidade — afirma.

Para Ângela, tal reflexão sobre a ocupação dos espaços do campus é importante também para que a UFRJ repense a utilização de seu patrimônio territorial pela comunidade extra-acadêmica, inclusive fora do período letivo. “Sugerimos que o novo Plano Diretor previsse o fechamento da avenida Athos da Silveira Ramos (via que separa CT e CCMN) e transformasse o local numa grande praça de convívio, com quadras de esporte, concha acústica, teatro de arena, praça de alimentação, atendendo não somente a nossa comunidade acadêmica, mas a toda comunidade da Ilha Universitária. Ao integrar este novo espaço aos já existentes na região — duas Bibliotecas (a do CCMN e a nova do CT, que está sendo planejada para a área de pilotis do Bloco A), dois auditórios (o do CT e o do CCMN) e o mini-complexo do CCMN, a que chamamos Centro Cultural Professor Horácio Macedo —, teríamos não só um grande centro de convivência universitária, mas também um espaço esportivo e cultural que poderia integrar nossa universidade à comunidade da Zona da Leopoldina e Ilha do Governador, tão carentes de espaços deste tipo”, propõe a decana.