Plano Diretor

Residência universitária, um novo conceito de moradia estudantil na UFRJ

 

Vanessa Sol

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Com o Plano de Reestruturação e Expansão (PRE) da UFRJ, espera-se que, em 2020, a universidade tenha, aproximadamente, 60 mil estudantes de Graduação e de Pós-graduação. Diante de tais mudanças, está prevista, nas diretrizes do anteprojeto do Plano Diretor UFRJ 2020, uma nova concepção de Cidade Universitária. O projeto prevê a reorganização e reurbanização do espaço existente, contemplado com qualidade um modelo do qual farão parte residências e espaços coletivos de sociabilidade como centros de convivência, lazer e esporte. A integração proposta pelo projeto leva em consideração a heterogeneidade de indivíduos que circulam pela Cidade Universitária.

De acordo com o integrante da comissão de implantação do Plano Diretor 2020, Carlos Vainer, cabe à UFRJ – que quer se reafirmar como referência nacional e internacional em Ensino, Pesquisa e Extensão – pensar e discutir a questão da residência universitária. Hoje, a universidade tem recebido um grande quantitativo de estudantes de várias regiões do país e, também, de diferentes países, principalmente os africanos, tanto na Graduação quanto na Pós em função dos convênios internacionais que tem firmado com instituições estrangeiras. Para acolher melhor esses estudantes, o plano de desenvolvimento da Cidade Universitária e implantação das unidades residenciais serão essenciais.

As unidades residenciais previstas no Plano Diretor UFRJ 2020 não são um alojamento nem um gueto de estudantes de baixa renda. As moradias não serão construídas isoladamente. Elas estarão presentes por toda Cidade Universitária. “A idéia é povoar a Cidade Universitária, de maneira que a sua paisagem seja cada vez mais parecida com a de uma cidade urbana”, afirma Vainer.

Para a composição dessa paisagem, será necessária ainda, na opinião de Vainer, a construção de complexos esportivos, centros de convivência, salas de cinema, salas de estudos, bibliotecas, salas de televisão, entre outros. No entanto, essas são apenas idéias sobre o que se pretende fazer para o desenvolvimento efetivo da Cidade.

A residência universitária será também um ponto de integração entre os diferentes estudantes. A idéia é oferecer seis mil moradias, das quais uma parte pode ser social – gratuita aos estudantes sem recursos financeiros – e outra paga apenas para a manutenção dos imóveis.

Vainer explica que um dos eixos de estruturação da Cidade Universitária que se pretende criar deve ter a residência universitária, a moradia estudantil, como prioridade central. “Quando se concebe o futuro da universidade como um centro de Ensino, com serviços, centros esportivos, cinemas, museus, teatros, ou seja, como uma parte da cidade, morar nela torna-se uma enorme vantagem para o estudante. Os custos financeiros com alimentação, com deslocamento ou com lazer serão reduzidos, pois o estudante terá acesso a tudo isso dentro da Cidade Universitária, inclusive ao restaurante universitário, nos finais de semana. O que ele pagará pela moradia será compensado com a diminuição dos outros custos”, enfatiza Vainer.

De acordo com Vainer, estudos de orçamento familiar mostram que o brasileiro gasta 30% do salário com habitação, seja com aluguel ou com a prestação da casa própria. Dessa forma, um aluno de outro estado ou de outro país que ganhe uma bolsa de Doutorado, por exemplo, terá a vantagem morar na residência universitária. A contribuição paga pelos estudantes para a manutenção dos imóveis não diminuirá a bolsa dele. Pelo contrário, o custo/ benefício será maior do que se o aluno, além de uma moradia externa à universidade, pagasse também transporte, da alimentação, do lazer, entre outros.

O gabarito e taxa de ocupação da Cidade Universitária ainda serão discutidos. Segundo Vainer, a idéia é construir prédios porque o solo é caríssimo e limitado, apesar da expressiva área que a universidade comporta. “É preciso fazer um uso responsável deste patrimônio fundiário, que é público. Não podemos construir edificações de um andar; isso seria dilapidar o patrimônio”, destaca.

Vainer explica que a preocupação da comissão está pautada na questão conceitual do Plano de Desenvolvimento da Cidade Universitária. Ela deve expor como os futuros moradores querem e devem morar aqui e que tipo de instrumentos devem ser assegurados a eles para que tenham uma vida com qualidade na Cidade Universitária. Para o professor, é necessário atender às necessidades dos alunos que ainda não estão na universidade e que serão os reais beneficiados pelo projeto. “Não queremos expandir esta Cidade atual. Não desejamos fazer mais do mesmo. Queremos algo diferente. Para isso, precisamos redefinir as condições de vida dentro da Cidade Universitária, inclusive em relação aos acessos, transporte, entre outros. É necessário pensar para além do espaço que ocupamos hoje”, finaliza.

Em breve, será constituído um fórum de discussão do Plano Diretor UFRJ 2020, no qual toda comunidade acadêmica pode e deve participar para ampliar o debate acerca das idéias do plano. Este será o momento para trazer as demandas dos estudantes que moram no atual alojamento.

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