Ponto de Vista

Logomarca da Copa de 2014 gera polêmica

Daniel Barros

Ilustração: João Rezende

O lançamento da logomarca da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, virou alvo de polêmica entre os admiradores do esporte e especialistas em design gráfico. Se por um lado a imagem vem sendo criticada pelo público por questões estéticas, o que mais chamou a atenção de Celso Guimarães, professor da Escola de Belas Artes da UFRJ, foi o fato de a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não ter aberto um concurso público para a escolha da logomarca. “Um evento de tamanha abrangência merecia um concurso público, pois temos designers bastante capazes para desenvolver a imagem. Essa é a minha maior queixa”, reclama Guimarães, do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) e do Curso de Comunicação Visual Design da EBA-UFRJ.

As principais críticas levantadas pelo professor da EBA-UFRJ e corroboradas por opiniões do público leigo são: a presença da cor vermelha para o número 2014, a simplicidade da logo e a pobreza de representação da nação brasileira no desenho. Segundo Guimarães, esses problemas não existiriam se a logomarca fosse produzida por um escritório especializado, seguindo os princípios da comunicação visual e design.

Guimarães diz que, pessoalmente, esperava uma logomarca que tivesse a cara do Brasil: “A taça com a mãozinha não possui relação com o Estado brasileiro. Pelo menos se a mão tivesse alguma relação com miscigenação, mas não tem.” Como contraponto, ele menciona o símbolo das Olimpíadas do Rio, em 2016, para o qual está sendo realizado um concurso. Ele garante que a imagem que sair do processo seletivo será muito superior à da Copa de 2014.

Tratando especificamente dos comentários irônicos que associam as mãos do desenho à ideia de corrupção, Guimarães explica que esse é o tipo de preocupação que qualquer designer de qualidade deveria ter antes de produzir uma logomarca.

Celso Guimarães avalia ser difícil fazer mudanças na logomarca. Segundo ele, a imagem já está sendo divulgada internacionalmente e já há lojas de esporte vendendo produtos que estampam o símbolo. “Como diz a música do Gonzaguinha, botaram na janela, é pra passar a mão nela”, complementa o docente.

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