De Olho na Mídia

Venda de e-books desafia cultura do impresso

 

Bruno Motta

Ilustração:João Rezende

A Amazon, loja on-line de livros, artigos eletrônicos, roupas, entre outros produtos, anunciou que, nos últimos três meses, vendeu mais e-books, que podem ser acessados através do seu leitor eletrônico Kindle, do que livros impressos. De acordo com a empresa, a proporção de vendas alcançou, no período, 143 e-books vendidos para cada 100 capas duras. Nas últimas semanas, esse número tem aumentado.

Para Paulo Cesar Castro, professor da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, este é um dado expressivo, mas “não significa que o impresso irá acabar em médio ou curto prazo”. O docente explica o motivo: “uma mudança significativa ainda vai demorar muito, porque ainda temos o costume de ler em papel”.

O professor lembra a mudança repentina na indústria fonográfica, que sofreu queda no volume de vendas de CDs, nos últimos anos, devido, em grande parte, à popularização do compartilhamento de músicas gratuitamente pela internet. Entretanto, para ele, são casos distintos. “A indústria dos impressos, em comparação com a fonográfica, depende mais do suporte. Existe a cultura do livro, da leitura em papel”, declara.

Mike Shatzkin, diretor-executivo da Idea Logical Company, empresa de consultoria em edição digital, prevê que, em dez anos, menos de 5% do total de livros vendidos serão impressos. Já Castro acredita que os preços, por mais que tendam a se popularizar, ainda podem frear o crescimento dos e-books. “Não acredito em uma queda tão grande do impresso em cinco ou dez anos. A convivência entre os dois formatos ainda vai durar muito tempo”, completa.