No Foco

Escola de Belas Artes completa 195 anos

 

 

Vanessa Sol

 

A história de criação da Escola de Belas Artes da UFRJ se confunde com a própria história do Brasil. Nascida, em 12 de agosto de 1816, com o nome de Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, ela surge de uma preocupação de D. João VI com o desenvolvimento cultural do Brasil.

Ao longo de seus 195 anos, antes mesmo de pertencer à UFRJ, ela adotou diferentes denominações e passou por diferentes moradas na capital. Como afirma o diretor da EBA, professor Carlos Gonçalves Terra: “A escola cresceu muito desde sua criação. Formou e forma artistas e também profissionais que estão no mercado, nomes reconhecidos em todas as áreas. É uma riqueza muito grande para o ensino da arte”, declara. Entre as personalidades importantes que passaram pela escola desde sua formação estão Joaquim Le Breton, Lucio Costa, Archimedes Memória, Rosa Magalhães, Burle Marx e Oscar Niemeyer.

A EBA de hoje e de amanhã

Atualmente, a EBA oferece uma diversificada gama de formações profissionais e artística. Ela conta com 14 cursos, dos quais Pintura, Escultura e Gravura foram os pioneiros. Há também os cursos de Composição Paisagística, Composição de Interiores, Desenho Industrial que tinha duas habilitações: Projeto de Produto e Programação Visual, tendo o último se tornado, em 2010, em Comunicação Visual – Design.  O curso de Artes Cênicas permite duas habilitações: Indumentária e Cenografia. Há ainda as licenciaturas em Artes Plásticas e Desenho, além dos cursos de História da Arte e Restauração de Bens Culturais Móveis, recentemente criados.

No passado, o curso de arquitetura também fazia parte da Escola de Belas Artes. Porém, o curso se emancipou, em 1945, dando origem a Faculdade Nacional de Arquitetura e, posteriormente, recebeu a denominação de Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.

A escola cresceu muito ao longo de sua trajetória, ampliando a oferta de cursos e possibilidades de formações diferentes. Para isso, seu espaço físico também precisa ser ampliado, pois ainda hoje EBA, FAU e Reitoria dividem o mesmo prédio. Com a expansão da universidade, a EBA ganhou o primeiro módulo que esta sendo construído atrás do prédio da Reitoria e que vai abrigar parte dos cursos. De acordo com o diretor da EBA, o novo prédio tem uma especificação de pé direito para abrigar grandes esculturas, e a previsão é que as obras sejam concluídas em novembro de 2012. “Nós ganhamos o primeiro módulo e acredito que com o prédio novo parte do problema de espaço seja solucionado. No escopo do Plano Diretor 2020, teremos mais dois ou três módulos o que permite toda escola ficar bem alocada em termos de espaço físico”, destaca Terra.

 Pensando na melhoria de acesso à informação, a atual direção colocou computadores com acesso à internet à disposição dos alunos nos corredores da EBA. Hoje, já são cinco terminais entre o sexto e o sétimo andar. A intenção é colocar outros setes terminais em outros pontos da escola, inclusive, no Pamplonão – atelier onde os alunos fazem aula de pintura. De acordo com o diretor, os cinco terminais foram inaugurados em outubro de 2010 e são uma espécie de matriz do projeto, que teve boa aceitação por todo corpo da escola e os próprios alunos controlam o tempo de consulta nos terminais. “Essa ideia de ter o acesso rápido à internet através de um terminal me fascinou. Vi isso numa outra universidade e assim que pude implantei-a aqui. Com os terminais, os alunos podem ter acesso a e-mail, podem fazer a inscrição no siga, entre outras possibilidades”, enfatiza Terra.

Museu D. João VI – um aliado no ensino

A Escola de Belas Artes conta com importante ator na preservação de sua memória e também no ensino e na pesquisa artística. É o Museu D. João VI. Ele é um museu universitário e foi criado, em 1979, pelo professor Almir Paredes Cunha, que era diretor da EBA à época e atualmente está aposentado. O acervo do museu está ligado à própria criação da Escola de Belas Artes, em 1816, quando ela ainda era Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios.

No total, são cerca de 6.600 peças, dentre as quais 800 são gravuras, 837 desenhos, 480 pinturas, além de esculturas, fotografias, vitrais, quatro mil livros que fazem parte da Biblioteca de Obras Raras, plantas e desenhos arquitetônicos.

Após alguns anos sem investimentos, em 2005, o museu passou por uma revitalização através do projeto coordenado pela professora Sonia Gomes Pereira que foi contemplado pelo Programa Petrobras Cultural. Com a mudança, o museu assume uma nova concepção museológica. Além de preservar a memória da EBA e do ensino artístico no Brasil, o museu assume um modelo compatível com as necessidades de estudo da História da Arte dos últimos dois séculos.

Atualmente, todo acervo está disponível ao público e peças estão dispostas em trainéis deslizantes, estantes e mapotecas. Assim, o visitante pode fazer o seu próprio percurso. Carla Dias, coordenador do Museu, explica que, desta maneira, não há um percurso definido, embora existam áreas de interesse pré-definidas. “O visitante é um agente. Ele percorre os espaços e constrói sua própria visita”, finaliza.