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Para
quem não sabe, doping é uma coisa, dopagem é outra.
O primeiro é substância propriamente dita que pode ser usada
com fins médicos; já o segundo é o uso em atletas
com a finalidade de levar vantagem no desempenho esportivo. Hoje em dia,
essa distinção não existe mais. A palavra doping
foi ganhando força pelo próprio uso e acabou se tornando
sinônimo de dopagem.
Visando discutir esse assunto – doping -, chamamos os professores
Paulo Figueiredo, da Escola de Educação Física e
Desportos, da UFRJ e Janir Nóbrega, do Laboratório Antidoping,
também da universidade. Diversas questões foram levantadas
como, por exemplo, quando surgiu o doping, quando um atleta pode ser acusado,
quantas substâncias estão relacionadas no Comitê Olímpico
Internacional, entre outras.
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Prof.
Jarí da Nóbrega
O
doping surgiu provavel-mente nas primeiras Olim-píadas
da Antiguidade - se considerarmos como doping qualquer
tentativa de obter melhora de rendimento por meios artificiais.
O que mudou foram os métodos, agora providos de base científica.
Onde antes predominavam crendices, agora predomina o conhecimento.
Nos tempos atuais, se um atleta for flagrado burlando uma das
normas do Comitê Olímpico Internacional (COI), terá
problemas. A bar-ganha pode envolver desde o consumo de uma das
substâncias proibidas da lista do COI, até práticas,
como inibição de excreção renal ou
manipulação genética. Consumir cannabis (maconha),
mesmo socialmente, é doping, pois a droga faz
parte da lista proibida, embora não tenha nenhum efeito
comprovado na performance.
A lista de drogas proibidas é enorme e é atualizada
pelo COI a cada ano (ou mesmo antes, em casos extraordinários).
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) segue a mesma
lista do COI.
Se o atleta ingerir alguma das substâncias citadas na lista,
mesmo que sem intenção, será punido. O COI
não distingue doping intencional de não-intencional.
Se for caracterizado o uso de droga ou outra prática proibida
o atleta é castigado e acabou. Acho duro, severo, mas não
injusto. Todo atleta de nível internacional tem cópia
de uma cartilha que diz o que pode e o que não pode ser
feito. Todo médico da área esportiva, com mais razão,
também.
Os tipos dependem da modalidade esportiva. Em geral, são
os estimulantes e anabolizantes. Para esportes específicos,
de longa duração, como o ciclismo e corridas de
fundo (maratona), certos hormônios, como a eritropoetina
(EPO) que aumenta o transporte de oxigênio ao tecido muscular,
são também comuns.
Alguns tipos são lendas esportivas como, por exemplo, mulheres
que engravidam e antes da competição abortam. Eu
não conheço (nem o COI consultado por mim) nenhum
caso de aborto proposital com o intuito de doping. O
único benefício possível seria a fabricação
da gona-dotrofina coriônica durante a gravidez, o que cessaria
com o aborto. Pelo alto nivel de desempenho exigido, parece-me
que imaginar a participação de mulheres grávidas
(ou recém-saídas do trauma de um aborto) em uma
competição interna-cional é, no mínimo,
ingressar no terreno da fantasia.
O controle de doping é bastante rigoroso e integro nas
suas decisões. Não se deixa manipular por nada.
Antigamente haviam países que, em troca do prestigio político
obtido em campeonatos mundiais e Olimpíadas, toleravam
e até incentivavam o doping entre seus atletas, emprestando-lhes
assessoria técnica no assunto. Felizmente, com a queda
da cortina de ferro, foi possível controlar de perto tais
atletas e o problema está atualmente sob controle.
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Prof.
Paulo Figueiredo
O
doping é qualquer meio que o atleta utilize para
superar, de maneira não lícita, o seu opo-nente.
Já existem inúmeras formas de se fazer isso, inclu-sive
no futuro, aponta-se à possibilidade de doping
genético. Ou seja, acontecerá a multiplicação
celular dos grandes atletas.
A história do doping surgiu na Grécia antiga.
Os gregos preparavam seus lutadores com certas substâncias,
para que eles alcançassem o máximo da supremacia
esportiva, a superação do homem pelo homem. Não
posso esquecer de dizer também que, no período da
Guerra Fria essa prática foi bastante usada. Aos poucos
isso foi evoluindo tanto que, a cada dia que passa, a ciência
vai desenvolvendo mais e mais substâncias ilícitas.
Hoje em dia existem inúmeras substâncias. A mais
utilizada está sendo a eritropoetina (EPO), que contribui
para o melhor transporte de oxigênio. Ela existe de duas
formas: a produzida pelo próprio organismo e a sintética
que é injetada no atleta. Antes da existência sintética
da EPO, os atletas se utilizavam do artifício de tirar
um pouco de sangue do corpo, congelar e nas vésperas da
competição injetar de novo. Isso facilita a absorção
do oxigênio pelo sangue, uma vez que se tem um aumento de
hemoglobinas. Mesmo sendo natural, tal prática pode acarretar
sérios problemas como trombose, por exemplo, e complicações
com o Controle de Doping.
Essa questão é bem discutida. Algumas pessoas acreditam
que um simples descongestionante nasal não faz mal para
ninguém, por isso um atleta não deve ser punido
se vier a fazer uso. Mas é importante deixar claro que
nenhum atleta é punido injustamente. Ele e toda sua equipe
conhecem as substâncias proibidas pelo Comitê Olímpico
Internacional, então, caso ele venha ingerir um medicamento
que esteja na lista, não será por inocência.
O Comitê é extremamente íntegro nesta questão.
Existe também o doping social que é aquele onde
o atleta não ganha rendimento, pelo contrário, só
perde – usuários de maconha, cocaína, por
exemplo. No entanto, mesmo não se beneficiando, o atleta
é punido. Essa punição serve para mostrar
à sociedade que usar tais substâncias faz mal.
Se um atleta for pego usando alguma substância ilícita,
a decisão do Controle de Doping, será categórica.
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