Edição 253 09 de junho de 2009
Com dez anos de existência e mais de 300 concertos gratuitos realizados, a série “Música no Fórum”, do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ, atrai dezenas de amantes da música erudita todas as segundas-feiras, às 19h, no Salão Dourado do Palácio Universitário da Praia Vermelha. O projeto, que faz parte do programa “Sons do Fórum”, foi criado durante a coordenação do professor Affonso Carlos Marques dos Santos no FCC, com o objetivo de divulgar a música de concerto dentro e fora da universidade.
“A música de concerto tem muito pouco espaço na mídia hoje e os projetos que lidam com esse tipo de música são muito poucos. Estamos realizando o trabalho do governo e o da mídia, preenchendo uma lacuna cultural importante em nosso país”, diz Luiz Senise, pianista, professor da Escola de Música da UFRJ e curador do projeto desde 2002.
Segundo Vanessa Rocha, produtora cultural do FCC, o público dos concertos é cativo e constituído, em sua maioria, de idosos e estudantes universitários. “Eu venho sempre, a programação é muito boa e sempre tem ótimos músicos. A melhor música é a clássica. É uma iniciativa ótima e deveria sempre haver verba para esse tipo de projeto”, diz Norma Pereira, 64 anos.
Atualmente, o “Música no Fórum” engloba os subprojetos Série Concerto, composta de apresentações de duos e orquestras sinfônicas; Série Tributo, na qual são apresentadas as obras de grandes compositores e músicas instrumentais regionais; Recitais Comentados, apresentações de canto seguidas de debate com músicos e professores da Escola de Música; e o Concurso Nacional Jovem Destaque, que revela e premia jovens músicos.
O Concurso Jovem Destaque, hoje em sua terceira edição, foi criado por Luiz Senise em 2007 e desde então tem revelado novos talentos como Guilherme Tomaselli, Gian Matheus, Laís Frey e Rebecca Castro, vencedores deste ano que ganharam a chance de fazer apresentações na atual temporada do “Música no Fórum”. “O objetivo é incentivar, estimular e promover o intercâmbio entre jovens músicos de todo o país e dar-lhes a oportunidade de divulgar seu trabalho, seu talento e o valor de sua arte. É indiscutível a importância desse concurso na trajetória artística destes jovens, projetando seus nomes no nosso cenário musical”, explica Senise.
O “Música no Fórum” tenta aproximar jovens talentos aos grandes nomes da música. Desde sua criação, já recebeu grupos musicais pequenos, como o Coral Meninos de Luz, da Comunidade Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, e renomados músicos eruditos, como o pianista russo Vadim Rudenko e a violoncelista Aurora Ginastera, além de gênios da música instrumental, como o jazzista Marcio Montarroyos, considerado um dos mais importantes trompetistas do país, falecido em 2007.
O projeto já conseguiu visibilidade internacional e desde 2007 recebe, junto com outras instituições cariocas, o Rio International Cello Encounter, festival de música instrumental criado pelo violoncelista inglês David Chew em 1995. Já está confirmado que o “Música no Fórum” receberá a 15ª edição do festival, em agosto deste ano.
O projeto desempenha também vasto papel social. Além de levar a música de concerto ao público e revelar novos talentos, participa de campanhas beneficentes. Desde 2002, o projeto ajuda o Hospital Mário Kroeff, especializado no tratamento de câncer, através de shows cujo ingresso é 1 quilo de alimento não perecível.
O “Música no Fórum” ainda enfrenta alguns desafios presentes desde sua criação. Luiz Senise ressalta que os problemas para a manutenção do projeto “começam na obtenção de patrocínio, passam pela seleção acurada e diversificada dos artistas convidados a participar da Série, divulgação na mídia, cartazes e programas, e se estendem até a organização de cada evento, em que um arsenal de detalhes importantes tem que ser observado para o bom funcionamento do espetáculo”. Segundo Maria Dias, diretora de produção do FCC, “o maior obstáculo foi, e ainda é, o de conseguir verba para manter uma programação de qualidade, o que só foi possível, nestes dez anos de existência, devido aos excelentes músicos que temos na nossa universidade”. Hoje o projeto conta com o patrocínio do Banco do Brasil e da Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB).