Edição 243 31 de março de 2009
O reitor Aloísio Teixeira, ao abrir o evento em comemoração aos 50 anos do Instituto de Química (IQ), ressaltou o grau de excelência e capacitação dos professores. Ele falou sobre a atual fase de expansão do instituto, que pode servir de exemplo para outras instituições. “O IQ antecipou muitas respostas ao longo desses 50 anos”, disse ele. A criação do Polo de Química da UFRJ e o campus avançado da UFRJ, em Macaé, foram temas destacados na cerimônia.
Visivelmente emocionada durante o evento ocorrido na segunda-feira (30/3) no auditório Horácio Macedo, a professora Cássia Curan Turci, diretora do IQ, citou trecho da carta de uma aluna referindo-se ao instituto para sintetizar o que representava completar cinco décadas de existência: “Um jardim que cresceu, floresceu e deu bons frutos”, disse Cássia, na solenidade que reuniu diversos nomes ilustres do Instituto e abriu a 17ª Semana de Química.
De acordo com Cássia Turci, que iniciou junto com o professor Joab Trajano Silva a gestão frente ao IQ em outubro de 2008, as maiores dificuldades do instituto estão relacionadas à segurança do prédio e espaço para os docentes, servidores técnico-administrativos em educação e estudantes. “Quando falo de segurança me refiro à questão de nossa Unidade estar localizada em um prédio de sete andares. Por normas de segurança, um prédio onde atividades de química são desenvolvidas deveria ter, no máximo, dois ou três andares, não mais do que isso”, afirmou.
É por isso que o IQ, junto com a reitoria, está empenhado em viabilizar o Polo de Química da UFRJ, que agregaria unidades que têm a química como atividade-fim. “Outras dificuldades estão relacionadas à questão de alocação de recursos para a graduação. Hoje em dia não são lançados editais institucionais para a graduação. Um curso de Química, que é dispendioso, não sobrevive apenas com recursos do MEC e precisamos buscar recursos de outras fontes para oferecer a nossa Comunidade um ambiente digno de trabalho”, disse.
Aprimoramento constante
Conforme relatou a professora em entrevista concedida antes do evento, o IQ ainda tem muitos desafios a serem superados. Ela cita o aprimoramento das atividades de ensino de graduação, a melhoria nos programas de pós-graduação, bem como a expansão de programas de caráter interdisciplinar. O fortalecimento do curso de Licenciatura em Química e da continuada , principalmente no que se refere à formação de professores do ensino médio, também foi lembrado. Cássia destaca também a necessidade de estabelecer políticas globais para diminuir a evasão, fortalecer as atividades de extensão e prestação de serviços à comunidade do entorno.
Para Cássia, a formação de um bom profissional se dá através de boa formação conceitual, muita dedicação, perseverança e constante atualização dos conhecimentos. “Vivemos em uma época em que a quantidade de informação disponível é imensa. Precisamos ter conhecimento para separar o joio do trigo. Além disso, as pesquisas desenvolvidas no mundo inteiro levam às novas descobertas que têm modificado constantemente nossa forma de ver o mundo. Se um profissional da química tiver uma boa base conceitual, ele poderá acompanhar essa evolução sem problemas”, diz Cássia.
Segundo ela, o Instituto de Química conta com um número expressivo de docentes e ex-alunos com trajetórias ilustres e reconhecidos pela competência e seriedade em que atuam em diferentes setores de ensino, pesquisa e industrial. Alguns docentes fazem parte da Academia Brasileira de Ciências, outros exercem funções de destaque no Ministério de Educação, Ministério do Esporte e agências de fomento.
Lugar de mulher competente
Sendo a primeira mulher a dirigir o Instituto de Química, que tem no corpo administrativo um grande número de mulheres em cargos comissionados, Cássia acredita que as lutas enfrentadas pela mulher no último século representaram um enorme avanço para se alcançar a igualdade e o pleno estado de direito democrático.
— Muita gente questionou quando eu decidi me candidatar à direção: uma mulher como diretora do Instituto? No caso específico do Instituto, a quantidade de mulheres agora presentes na direção não chega a ser surpresa, pois o que se quis contemplar não foi o gênero, mas a capacidade de trabalho, o esforço e a determinação, que as mulheres também têm de sobra — afirmou.
Os desafios para o futuro
De acordo com Cássia, a fórmula para o sucesso está em saber como melhor ouvir e atender aos apelos da comunidade. “Para bem administrar é essencial saber ouvir. Isso aprendi ao longo desses anos. O segredo para nossa unidade ser bem-sucedida na implementação de qualquer programa de trabalho depende da formação de uma classe consciente, crítica e disposta a criar mecanismos eficientes e democráticos de negociação política”, declarou Turci.
Sobre as expectativas para o futuro, Cássia afirma que são muitas. “Precisamos deixar bases sólidas para que a sociedade entenda que a Química com responsabilidade é a saída para muitos problemas que enfrentamos hoje, principalmente na área ambiental. Temos um desafio enorme pela frente e somente com muita dedicação, competência e seriedade poderemos mostrar o verdadeiro papel da Química no mundo”, concluiu.