Edição 256 01 de julho de 2009
Mais um evento marca as comemorações dos 30 anos da Seção Sindical de Docentes da UFRJ (Adufrj). Depois da homenagem aos professores cassados pela Ditadura Militar realizada na última quinta (25), no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), foi a vez de o seminário “Universidade, crise e alternativas” celebrar as três décadas de existência da associação, completadas em abril deste ano.
Iniciado na manhã desta terça-feira (30), no auditório Roxinho, do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), o seminário, que acontece até 2 julho, tem o objetivo de reunir integrantes de movimentos sociais e intelectuais engajados para discutir alternativas à crise que atravessa a universidade brasileira. “Precisamos, mais do que nunca, parar para pensar e, aí sim, retomar a luta por uma universidade pública e de qualidade”, pontuou Roberto Leher, 1º vice-presidente da Adufrj, durante a abertura do evento.
Para ministrar a conferência inicial do seminário, foi convidado o sociólogo Francisco de Oliveira. Durante a palestra “Crise estrutural e alternativas ao capital – o papel da universidade”, Francisco, que é professor da Universidade de São Paulo (USP) e intelectual atuante no quadro político brasileiro, falou sobre alguns aspectos da crise global, deflagrada nos últimos meses do ano passado.
O docente ressaltou que, apesar de crises serem inerentes ao modo de funcionamento do capitalismo, a atual apresenta particularidades que a distinguem das demais: além de ser a primeira grande crise da globalização, ela é gestada na periferia do sistema, e não no centro. “Os índices de crescimento de países como a China e a Índia anunciavam um colapso. A Ásia lançou mais de 600 milhões de pessoas no mercado de trabalho; havia um descompasso entre a oferta e a demanda. A crise vem, então, para ajustar o sistema financeiro à nova correlação de forças do sistema produtivo”, explica Francisco.
Para o professor, o momento de instabilidade atinge também as universidades. A crise global evidenciou a pobreza teórica das instituições de Ensino Superior. Elas não foram capazes de produzir conhecimentos suficientes para reconhecer o sistema no qual estão inseridas. Segundo Francisco de Oliveira, a comunidade universitária deve reinventar e revigorar suas práticas teóricas para a crise ser compreendida. Oliveira evocou ainda o sociólogo alemão Max Weber para enfatizar que a universidade não deve ser um local de produção de especialistas cujo intuito principal seja o de trabalhar para o sistema, mas sim de formação de indivíduos que entendam e modifiquem o modo de produção capitalista.
Ao final da conferência, o docente ressaltou a importância de a universidade brasileira se abrir para as classes menos favorecidas da população. “A tarefa da universidade é pavimentar o caminho para que o conhecimento seja uma arma para a democratização, e não para a exclusão”, concluiu.
Moção de apoio aos hondurenhos
Durante a abertura do evento, os professores da Adufrj se comprometeram a propor uma moção de apoio ao povo hondurenho. No último domingo (28), o então presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi detido e enviado para a Costa Rica, depois de um golpe militar, o que configura, para os docentes, um atentado à democracia da região. A ideia da moção é mostrar que todos os espaços de luta da América Latina estão ao lado do povo de Honduras.
Programação
O seminário “Universidade, crise e alternativas” vai até dia 2 de julho. Confira adiante a programação completa do evento:
1º de julho