Edição 278 01 de dezembro de 2009
A poluição causada por derramamento de petróleo está mais perto da solução. Começarão em 2010 os testes do novo detergente biodegradável para tratamento de áreas contaminadas, criado numa parceria entre o Instituto de Química (IQ), o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Gradução e Pesquisa de Engenharia (Coppe) e a Escola de Química (EQ) da UFRJ e o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). A pesquisa foi iniciada há dez anos, e só agora, com a inauguração da nova unidade-piloto de produção, será produzida quantidade suficiente para testes mais amplos.
Segundo o engenheiro químico da Coppe Frederico Kronemberger, “o composto é produzido naturalmente pela fermentação aeróbia das bactérias Pseudomonas sp., que, isoladas em poços de petróleo, produziam o biossurfactante – nome técnico do composto – originalmente para reduzir a tensão superficial de uma solução, permitindo às bactérias acessar e degradar a cadeias de carbono do petróleo para obter energia”, explica.
A utilização consiste na aplicação de uma solução contendo biossurfactantes nas áreas afetadas por derramamento de petróleo. “O detergente biodegradável pode ser utilizado apenas para a lavagem de solos, tanques e/ou dutos contaminados com petróleo, em substituição a algum detergente convencional, ou na biorremediação, na qual o biossurfactante pode ser adicionado a regiões contaminadas com petróleo para auxiliar a sua biodegradação pelos microrganismos já presentes no local”, afirma Kronemberger.
O engenheiro afirma que o produto já passou por alguns testes, mas em pequena escala, por causa da baixa quantidade produzida. “Como todo o detergente biodegradável produzido até hoje na UFRJ, era obtido em pequena escala, os testes de sua aplicação foram realizados apenas em laboratório, porém com ótimos resultados.” O aumento gerado pela inauguração da nova unidade de produção permitirá novos testes em escalas maiores. “Agora os testes de aplicação na lavagem ou descontaminação em alguma área atingida por um derramamento serão realizados a fim de que se definam as melhores condições para a aplicação do produto”, disse.
Mais eficaz
O detergente biodegradável pode ser utilizado tanto em casos de contaminação de solos quanto da água. O engenheiro afirma que o novo tratamento é mais eficaz que os utilizados atualmente. Segundo Kronemberger, os métodos de hoje não tratam realmente as áreas contaminadas, apenas realocam as partes atingidas. Além disso, os químicos usados acabam contaminando também, já que permanecem no ambiente após serem empregados. “O novo detergente não apresenta esse problema. Após a sua utilização, ele é degradado pelas bactérias do local, produzindo somente CO2”, conclui.