Edição 244 07 de abril de 2009
Criada em 2007, a Agência UFRJ de Inovação assumiu o compromisso de pensar e estimular a inovação dentro da universidade. Nesse sentido, foi percebida a importância de desenvolver um trabalho junto às empresas juniores (EJs) já presentes na UFRJ e que, administradas exclusivamente por estudantes de graduação, prestam serviços a micro e pequenas empresas. Visando sobretudo propagar o espírito empreendedor em meio à comunidade acadêmica, criou-se na Agência um setor específico para relacionamento com tais empresas.
Segundo Iris Guardatti, coordenadora do setor de empreendedorismo da Agência de Inovação, é perceptível que o espaço empreendedor é muito propício para o surgimento da inovação e de um novo caminho de transferência do conhecimento para a sociedade. A transferência a que Iris se refere ocorre por meio da prestação de serviços que cada uma das quatro empresas juniores encontradas na UFRJ presta a micro e pequenas empresas. Cobrando um preço abaixo do que grandes firmas de consultoria em geral cobram, a EjCM, a Fluxo, a Ayra e a Insight — de consultoria em microinformática, engenharia, gestão em negócios e psicologia, respectivamente — auxiliam as microempresas que hoje incrementam a economia brasileira com geração de emprego e renda.
“Ao fornecer suporte às microempresas, nossas empresas juniores desempenham uma função social. Além disso, estabelecem uma via de mão dupla entre o conhecimento produzido na universidade e aquele gerado a partir das demandas para resolução de questões da vida prática. A universidade está o tempo inteiro estabelecendo canais com a sociedade e é assim que tem que ser. As EJs constituem um outro canal, é mais uma via de relacionamento em que é possível colocar o conhecimento adquirido na universidade em prática”, esclarece Iris.
Ao estreitar os laços entre a UFRJ e as empresas juniores, a Agência de Inovação buscou dialogar com os presidentes das mesmas e com seus professores orientadores. Além disso, o diálogo estabeleceu-se com as pró-reitorias de graduação (PR-1), uma vez que a experiência na gestão das empresas tem forte participação na formação do aluno, e de extensão (PR-5), à qual as empresas juniores já estão vinculadas.
O trabalho da Agência parte de três eixos principais, buscando propiciar a capacitação para melhorar a atuação dos integrantes das empresas junto aqueles para os quais eles prestam serviços, estabelecer algumas parcerias de forma mais institucionalizada de forma a aumentar o contato das empresas juniores com micro e pequenos empresários, e, por fim, fomentar o surgimento de novas empresas juniores.
Para Flávio França, estudante do sexto período de Ciências da Computação e integrante da EjCM, o número de EJs na UFRJ ainda é pequeno quando comparado a outras universidades brasileiras. “Na Unicamp (Universidade de Campinas), há cerca de 20 empresas júniores. Aqui na UFRJ há apenas quatro e, embora elas sejam fortes no mercado e no movimento júnior, nós precisamos do apoio da universidade e do corpo docente para continuarmos com esse trabalho e fomentar empresas novas”, afirma Flávio. Hoje há três EJs em estágio de formação na UFRJ concentradas nas áreas de design, geologia e biologia.
Empresa júnior, aprendizado de adulto
Flávio França, que é coordenador de relacionamentos do UFRJúnior, núcleo das empresas juniores dentro da Universidade, ressalta a importância da iniciativa da Agência em se portar como ponte entre as EJs e o apoio institucional, relação que anteriormente, de acordo com ele, era um pouco mais complicada. Conseguir esse apoio é fundamental para trazer progressos ao movimento júnior dentro da UFRJ, o que para Flávio é fundamental ao desenvolvimento dos alunos.
“Na empresa júnior, adquirimos um aprendizado que vai além do recebido em sala de aula. O aluno tem a vivência de áreas além da sua, faz contato com pessoas de outras universidades e com clientes, sendo que todos contribuem para a visão de novas realidades. E esses aprendizados nos fazem amadurecer mais rápido”, diz Flávio.
O estudante é ainda complementado por Thiago de Moraes, da Fluxo, cursando o quinto período de Química Industrial. Thiago, eleito próximo coordenador de relacionamentos do UFRJúnior, aponta os aprendizados obtidos na empresa júnior como um diferencial no posterior ingresso no mercado de trabalho. “Na empresa júnior, eu posso fazer o que eu não poderia em um estágio, que é participar da elaboração do planejamento estratégico, das negociações, dos rumos que a empresa vai tomar. A meu ver, isso enriquece muito”, acredita o estudante.
Estreitando o laço
Para aproximar ainda mais as empresas juniores da UFRJ, a Agência de Inovação tem colocado em prática diversas iniciativas. Desde o ano passado é desenvolvido um programa de qualificação para EJs que envolve os professores da universidade e para o qual alunos integrantes das empresas e a Agência analisam assuntos relevantes para discussão. É oferecido apoio também aos eventos realizados pelo movimento júnior, além do auxílio no estabelecimento de parcerias.
Iris Guardatti explica que as empresas juniores enfrentam certa dificuldade para serem conhecidas dentro da UFRJ, dado as próprias dimensões da universidade. A Agência busca então abrir frentes de diálogo das empresas com a comunidade acadêmica. Para isso, foi conseguido o apoio da PR-1 que abriu espaço de divulgação para as EJs nos kits entregues aos calouros. Além disso, a aproximação com a PR-1 inclui discussões para que o ensino do empreendedorismo se torne mais presente nos cursos oferecidos pela UFRJ. Por fim, vêm sendo feitas negociações para que as empresas participem ainda este ano dos eventos “Conhecendo a UFRJ” e “UFRJMar”.
A Agência trouxe também para as empresas juniores o apoio de outros parceiros, como a Incubadora de Empresas e o Programa de Engenharia de Produção, ambos da COPPE/UFRJ, além da COPPEAD. Porém, o desafio atual é fazer com que as empresas juniores sejam mais conhecidas dentro da universidade, obtendo maior apoio do corpo docente. “A questão é fazer com que as empresas juniores possam ser mais vistas. Nossos professores estão hoje muito assoberbados, pois se envolvem em ensino, extensão e pesquisa e, talvez, por isso, ainda não tenham conseguido conhecer muito bem o trabalho das EJs. É importante ressaltar que elas carregam o nome da universidade, e há aí uma responsabilidade compartilhada; o que as empresas juniores fizerem, estão fazendo em nome da UFRJ. E felizmente têm feito competentemente, com compromisso e entusiasmo”, finaliza Iris.