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Edição 261      04 de julho de 2009


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Projeto de extensão aproxima alunos de Psicologia e jovens em conflito com a lei



Marcio Castilho


Alunos do Instituto de Psicologia (IP) da UFRJ vão iniciar em agosto uma série de oficinas com jovens que cumprem medida socioeducativa na unidade de internação Escola João Luiz Alves (EJLA). O trabalho de campo é mais uma etapa do projeto “Parcerias – adolescentes em conflito com a lei”, que vem sendo desenvolvido desde o ano passado com graduandos ligados ao Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e a Adolescência Contemporâneas (Nipiac) do IP/UFRJ. O trabalho, feito em parceria com o Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) da Secretaria Estadual de Educação, envolverá também os pais e responsáveis com o objetivo de discutir o impacto do problema nas relações familiares e a reinserção do adolescente ao lar e ao convívio social. 

A Escola João Luiz Alves, que atende atualmente cerca de 130 jovens em conflito com a lei, compõe uma das cinco unidades do Degase. Em todo o complexo, cumprem medida de internação 710 pessoas. Inicialmente, o projeto de extensão do Nipiac vai se restringir a um grupo de 20 adolescentes. Segundo a professora Hebe Signorini, pesquisadora associada do Nipiac e coordenadora do projeto “Parcerias”, os alunos vão definir, a partir de um trabalho conjunto com os jovens e os profissionais do Degase, os critérios de trabalho, os temas de interesse e as expectativas desse público-alvo no campo educacional e profissional.

Com experiência em Psicologia Jurídica e temas envolvendo violência, infância e juventude, a coordenadora explica que o projeto contribui também para a formação acadêmica dos alunos do IP/UFRJ.

“Ministrar aulas não é suficiente. A possibilidade de aplicar a Psicologia ao campo jurídico permite ao aluno complementar sua formação, ver como funciona na prática. Cada vez mais se reconhece a necessidade de a Psicologia entrar nesse campo. Existe um mercado de trabalho nas varas de Família e Criminal, por exemplo”, afirma.

Hebe Signorini ressalta ainda que a parceria com o Degase estreita as relação entre a Academia e as demandas da sociedade. “O projeto permite dialogar com as questões que a sociedade está nos apresentando. O livro está aquém desse real. É importante estar inserido nos próprios fenômenos sociais. O objetivo é fazer com que, através desse espaço de troca, o Degase se aproprie do resultado do nosso trabalho”, salienta a pesquisadora. Ela acrescenta que o aprimoramento da aplicação das medidas socioeducativas nas unidades de atendimento não ocorre em curto prazo. “O processo de transformação é lento, mas já é um sinal de mudança o fato de o poder público estar admitindo a participação de outras instituições como a UFRJ”, analisa. 
 
Convênio

Participam do projeto “Parcerias” dez alunos do IP/UFRJ – todos cursando a partir do 4° período – e dois psicólogos graduados. Com a recente aprovação do convênio entre a UFRJ e o Degase, não há mais intermediação de outras instituições para contratos de estágio. Projetos de outros cursos da UFRJ também podem se beneficiar do convênio.

Os bolsistas aprovam a experiência. A aluna Natacha Bezerra está em processo de conclusão do curso, mas fez questão de integrar a equipe. “Estou postergando o fim do curso para poder participar do projeto. Sinto que é uma lacuna que está sendo preenchida.” Fernando Salgado, do 7° período, reconhece a oportunidade de aliar a teoria ao trabalho de campo: “Acho importante equilibrar o discurso da Academia com a vivência desse fenômeno na prática”. Já Yasmin França, do 4° período, ressalta a mobilização de todos os participantes. “A gente se divide para poder acompanhar tudo que envolve o tema. Assistimos a filmes, participamos de debates, viajamos para congressos. Não ficamos apenas em sala de aula.”

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