Edição 252 02 de junho de 2009
O surgimento de um novo modelo gerencial nas empresas e a consolidação de estratégias de gestão cada vez mais voltadas à questão ambiental nas indústrias são os temas de destaque do livro Gestão Ambiental na Indústria, de Luiz Carlos De Martini, doutorando em Meio Ambiente (UFRJ) e mestre em Engenharia de Produção (Coppe/UFRJ), e Antônio Carlos Gusmão, químico e licenciado em Química pela UFRJ, advogado e presidente da Comissão Estadual de Controle Ambiental – CECA.
Lançada em versão atualizada, revista e ampliada no dia 21 de maio, no Conselho Regional de Química, Rio de Janeiro, a obra apresenta modelos bem-sucedidos de gestão ambiental, além de explicações didáticas sobre a Norma ISO 14001 e atualizações na legislação brasileira, a fim de conscientizar as indústrias potencialmente poluidoras sobre as vantagens de adequação às normas de licenciamento ambiental, e a importância de adoção de processos mais inteligentes, rentáveis e menos poluidores, o que contribuiria para minimizar a opinião negativa que se tem na mídia sobre as relações entre indústria e meio ambiente. A confecção do livro em parceria, na opinião de Gusmão, ajuda a explicar os aspectos legislativos e a visão que a própria indústria apresenta no que diz respeito à gestão ambiental.
Para conhecer melhor a obra e seus aspectos mais relevantes, o Olhar Virtual conversou com Antônio Gusmão, um dos autores. Confira a entrevista na íntegra:
Olhar Virtual: De onde partiu a necessidade de publicação do livro?
Este livro é escrito junto com meu colega De Martini, profissional da área ambiental que tem outra trajetória, diferente da minha. Sou analista ambiental, professor, dou aulas em cursos de graduação e pós-graduação. O De Martini atua mais diretamente na indústria, faz auditorias ambientais, trazendo soluções que visam sempre à busca da melhoria contínua.
O livro é fruto de uma parceria no sentido de eu explicar a questão do licenciamento, a busca da legalidade, e o De Martini mostrar a visão que parte da indústria, de como é importante as empresas buscarem a legalidade e conhecerem a diversidade da legislação ambiental, muito vasta e dinâmica. O livro trata tais temas de forma simples e didática.
Olhar Virtual: Que fatores o senhor destaca como principais para as mudanças no modelo gerencial das empresas?
Primeiro, a responsabilidade, no sentido de que as empresas que não se adequarem à legislação e não estiverem absolutamente na legalidade ficam muito limitadas na prestação de serviços e também na entrega dos produtos, porque firmas maiores não compram produtos e não contratam serviços de quem não esteja legalizado.
A Petrobras, por exemplo, não vai contratar para prestação de serviços uma empresa que não esteja legalizada, porque a responsabilidade ambiental é solidária. Então, se você contrata um transportador que não está legalizado, também está cometendo uma irregularidade. O livro vem mostrando como é importante a indústria se legalizar para se tornar uma prestadora de serviços procurada pelas empresas.
Olhar Virtual: Como as estratégias de gerenciamento podem levar à racionalização dos custos de produção?
Com essa racionalização, a empresa passa a ter processos industriais mais inteligentes, baratos e menos poluentes. Gerenciando os resíduos que são gerados, há economia de água, energia e recursos.
Olhar Virtual: Qual a importância da adoção dos sistemas de gestão ambiental para as empresas, além da redução dos índices de poluição?
É importante para diminuir os custos e, basicamente, para a empresa aprender a ter boas práticas ambientais e poder trabalhar de forma mais tranquila, sem ter a pressão do órgão ambiental, a exigência de prazos para cumprimento de metas e sem estar na mídia de forma negativa, preservando sua imagem.
Quando ocorre um dano ambiental, quanto maior for a empresa, mais maculada ficará sua imagem caso o dano que ela causou seja veiculado na mídia. As empresas têm que ter assessoria para saber se posicionar. O jornalista deve conhecer as regras ambientais.
Olhar Virtual: Como modificar na opinião pública a visão negativa que se tem nas relações entre indústria e meio ambiente?
A indústria hoje, na realidade, a indústria química, luta junto à sociedade para que esta não a considere uma vilã ambiental, porque ela é um ramo que traz muitos benefícios, como melhores condições de vida, progresso, cura de doenças, combustíveis mais limpos, mais conforto e comodidade.
Há tanto aspectos positivos quanto negativos. A indústria química foi por um tempo vista como a grande vilã, poluidora, e hoje mostra que não, pois está dentro do princípio da sustentabilidade, produzindo de acordo com normas e padrões, visando sempre à melhoria contínua e buscando o apoio da sociedade para que ela entenda que são importantes o progresso, a prosperidade e geração de emprego. Há o compromisso com a sustentabilidade continuada e um trabalho de conservação, mantendo os recursos naturais, gastando cada vez menos.
Hoje, por exemplo, já se fabricam latas de alumínio gastando-se 95% menos de energia, além de tintas muito menos agressivas e mais eficientes, gastando-se menos água também. Tudo isso faz parte dos processos industriais e de boas práticas ambientais.
A existência de um trabalho em conjunto, da indústria, da comunidade e da sociedade, tem que ser cada vez mais divulgada e o livro tem também esse objetivo.