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Edição 257      07 de julho de 2009


De Olho na Mídia

Twitto, logo existo

Maria Clara Senra


Criado em 2006 como rede social, permitindo aos usuários enviar e ler atualizações pessoais de outros contatos em textos de até 140 caracteres, através da internet ou via celular, o Twitter vem ganhando cada vez mais popularidade em todo o mundo. Em fevereiro de 2009, o blog “Compete.com” elegeu o Twitter como terceira rede social mais usada (o Facebook e o Myspace ficaram em primeiro e segundo lugares, respectivamente).

“O Twitter é uma ferramenta típica de rede social que busca organizar pessoas em comunidades, como é comum nestas ferramentas sociais, e organizar igualmente a própria informação. ‘O que você está fazendo?’ é a pergunta inicial para quem vai incluir algum texto. Como pretende ser uma ferramenta ágil, os criadores propuseram um limite de letras e espaços (ou tweets), o que dá na prática duas ou três linhas apenas”, explica Gustavo Barreto, editor da revista Consciência.Net e aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ).

As atualizações no Twitter, ferramenta criada por Jack Dorsey, são exibidas no perfil do usuário em tempo real e enviadas a outros usuários. Os participantes podem receber atualizações de um perfil através do site oficial, RSS, SMS ou programa especializado.

Relações pessoais

Muitos especialistas afirmam que, depois dos avanços da internet e da criação das redes sociais, as relações pessoais foram profundamente abaladas e modificadas. Para muitos, sites como o Orkut, por exemplo, aumentam quantitativamente as relações, mas apenas virtualmente, contribuindo para o isolamento entre as pessoas. “Quando falamos destas novas formas de se comunicar, primeiro precisamos contextualizá-las. Trata-se, em linhas gerais, de uma cultura nascente, denominada cultura digital, que não substitui, em hipótese alguma, a cultura em si de qualquer sociedade. Não é aconselhável afirmar, por exemplo, que as relações interpessoais passaram a acontecer através dos meios de comunicação, na medida em que estudos recentes mostraram que pessoas que usam com grande intensidade as redes sociais nas novas mídias são bastante sociáveis, desmistificando determinada imagem vinculada à figura do jovem enclausurado num quarto acessando a internet”, analisa o mestrando.

Barreto ressalta que a tecnologia possui usos muito diferenciados e, portanto, é inadequado qualificar o impacto dessas redes sociais de modo dualista. “O que há de expressivamente positivo, no entanto, está claro: as redes sociais são um passo absolutamente importante para a sociedade contemporânea, que não aceita mais mediadores de informação”, complementa.

Segundo ele, o Twitter e as outras redes representam que uma parcela da sociedade não aceita mais a manipulação de informação. Por isso, a humanidade estaria vivendo uma mudança de paradigma na forma (textos curtos e privilégio das informações audiovisuais) e no conteúdo (maior diversidade de informações e novas fontes). De acordo com Barreto, a internet cresce à medida que o jornalismo tradicional se afunda numa crise estrutural.

“Conforme pude observar em pesquisa recente, muitos jornalistas ainda se consideram os difusores dos bons costumes e da ética pública, estimulando a crença de que o jornalismo é locus privilegiado de uma sociedade justa e fraterna. No entanto, as grandes empresas não possuem qualquer respaldo para afirmar isso. A maior parte desses meios tem vínculos muito mais fortes com o empresariado ou com oligarquias privadas. Portanto, a reação do público foi inequívoca: o então ‘receptor’ de informação, que era obrigado a digerir o conteúdo produzido por uma parcela muito pequena da população mundial, decidiu migrar em larga escala para os meios mais democráticos ou passaram a produzir em seus próprios meios”, explica.

O mestrando considera que novas ferramentas como o Twitter contribuem para a democratização dos meios de comunicação. “A partir das redes sociais, passa a ser o próprio cidadão quem escolhe as fontes que irá utilizar para se informar. Claro que grande parte das pessoas ainda não utiliza as novas mídias para se informar. Mas não há dúvida de que elas passam a ter grande desvantagem em relação ao cidadão que se informa pela internet, de modo interativo”, conclui.

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