Edição 259 21 de julho de 2009

Em decisão do Conselho  de Ensino de Graduação (CEG), tomada no dia 6 de maio, a UFRJ decidiu adotar o Exame  Nacional do Ensino Médio (Enem) em seu processo seletivo, atendendo à recomendação  do Ministério da Educação (MEC).  O Enem  será utilizado como primeira etapa, obrigatória, no ingresso à UFRJ, já no  vestibular 2010. 
O novo modelo do exame  terá 200 questões, divididas em quatro áreas (ciências naturais, ciências  humanas, linguagens e matemática) com 50 questões cada, além da redação. As  provas serão aplicadas nos dias 3 e 4 de outubro. O resultado da parte objetiva  será divulgado no dia 4 de dezembro, mas o desempenho final dos vestibulandos,  incluindo a nota da redação, somente será conhecido no dia 8 de janeiro de  2010. 
    O Enem pode ser  realizado por estudantes que estejam concluindo o ensino médio e também por  aqueles que já tenham se graduado. Além disso, a prova passará, este ano, a  valer para certificação de conclusão do ensino médio, o que torna o Enem também  uma oportunidade para cidadãos (maiores de 18 anos) sem diploma nesse nível de  ensino.
    
A segunda etapa do  vestibular da UFRJ continuará sendo uma prova discursiva, mas será gratuita. Os  candidatos só pagarão os R$ 35 da taxa do Enem. De acordo com Luiz Otávio  Langlois, coordenador acadêmico de vestibular da UFRJ, as provas seguirão o  modelo já conhecido: “Questões criativas que atestem a capacidade do estudante  de fazer relações entre conhecimentos diferentes, que tentam avaliar o  candidato tanto em seu nível de leitura, quanto de produção de texto, naqueles  conhecimentos que a universidade considera essenciais a um bom curso de  graduação. Sempre tentando oferecer questões nas quais os candidatos demonstrem,  sobretudo, talento”, explica Langlois.
    O programa e o  calendário do vestibular 2010 da UFRJ ainda não estão fechados,  dependendo de futuras deliberações do CEG,  bem como da ratificação final, feita pelo Conselho Universitário (Consuni),  órgão decisório máximo da universidade.
    
Para o coordenador, uma  primeira fase com questões objetivas – se bem elaboradas – pode representar  algo interessante para a universidade. “O volume de trabalho com correção de  provas discursivas sempre foi muito grande. De modo que fazer essa peneira com  questões de um vestibular nacional, sério e bem-feito, pode ser uma opção bem  interessante”, avalia.
    
Muitas instituições  aderiram ao Enem. Dentre as co-irmãs federais situadas no estado, a Universidade  Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e Universidade Federal Rural do  Rio de Janeiro (UFRRJ) adotaram o exame como fase única.  A UFF (Universidade Federal Fluminense) usará  o Enem como parte da nota da primeira etapa.
    
As vagas das  universidades que aderiram ao Enem como única etapa de processo seletivo ficam  disponíveis em um sistema eletrônico de inscrição, unificado e válido para todo  o país. Os candidatos terão até cinco opções de curso nesse sistema e poderão utilizar  sua nota para até cinco universidades diferentes. O estudante receberá sua nota  antes de se inscrever nas faculdades, para que possa consultar previamente a  média de desempenho do curso que escolheu e então enviar sua nota à  universidade que escolher.
    
Na avaliação da  professora Belkis Valdman, pró-reitora de graduação (PR1) da UFRJ, a aplicação  do Enem como parte do vestibular da UFRJ visa democratizar o acesso à  universidade, objetivando a ampliação do número de inscrições de estudantes da  rede pública, tradicionalmente abaixo do desejado pela Reitoria, e “também  melhorar o ensino médio público, o que é, aliás, o objetivo do exame”.
    
Para Langlois, A UFRJ está, por um lado, “comprando” o projeto do Ministério da Educação, no sentido de criar um exame nacional “muito sério, avaliativo do ensino médio”, e, por outro, também dando suporte a esse novo enfoque do Enem como instrumento de seleção para os cursos de graduação das universidades. “Nesse sentido, a UFRJ se alinha com a política que o MEC adota”, afirma o coordenador.