O Museu Nacional da UFRJ inaugurou, na última segunda, dia 7, a exposição “Fósseis do Continente Gelado – O Museu Nacional na Antártica”, fruto da experiência da primeira expedição organizada por pesquisadores do museu à região, em 2006 e 2007. Na mostra é possível ver parte dos fósseis e rochas coletados durante a expedição à Ilha de James Ross, península ao sul da Antártica.
A iniciativa só foi possível em função do projeto Paleoantar, sob a coordenação de Alexander Kellner, paleontólogo do Museu Nacional/UFRJ e curador da exposição, que submeteu o projeto ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar). A expedição foi a primeira do país à Ilha. “Com isso nós provamos que o Brasil também pode realizar pesquisas na região”, afirma Kellner.
A exposição apresenta a vivência do trabalho de campo realizado pelos sete pesquisadores e dois alpinistas do Paleoantar no continente gelado. A ideia é mostrar que o passado da Antártica é bem diferente da região encontrada atualmente. O que hoje é um deserto gelado, há 80 milhões de anos, era uma extensa e diversificada floresta.
As evidências que comprovam as duas faces distintas da Antártica, na opinião de Kellner, podem ser comprovadas através do tronco de uma árvore encontrada no local. O fóssil estava extremamente bem preservado, com cerca de quatro metros e meio. “Queremos mostrar para o público uma diferente face da Antártica. As pessoas pensam que ela é um deserto gelado de baixa biodiversidade em terra firme. No entanto, há 80 milhões de anos, havia florestas extensas e uma biodiversidade que não se supunha”, destaca o paleontólogo.
Os pesquisadores seguiram para o continente gelado em dezembro de 2006, retornando em março de 2007. Apesar de a expedição ter acontecido no verão, eles enfrentaram temperaturas entre – 10ºC e + 10ºC. As tempestades e o mau tempo limitaram por alguns dias a ação dos pesquisadores, mas não os impediram de encontrar mais de duas toneladas de fósseis e rochas.
Entre o material coletado, estão vértebras e nadadeiras de um Plesiossauro, réptil marinho que habitou o continente há 80 milhões de anos. A réplica em tamanho real do busto do Plesiossauro estará exposta junto à réplica inédita de um tubarão em tamanho natural. Durante a expedição também foram encontrados moluscos, rochas e troncos de árvores, que também fazem parte da exposição.
Quem for à mostra também poderá assistir a um vídeo com o relato dos pesquisadores contando as experiências da pesquisa no continente gelado, que, na opinião de Kellner, “é um lugar absolutamente fascinante por apresentar uma beleza singular através do contraste das neves, das rochas, dos icebergs e do mar, e, ao mesmo tempo, demonstrar fragilidade”, ressalta.
Pesquisa na Antártica
Quando o assunto é a presença do Brasil na Antártica, o pesquisador afirma que o governo brasileiro precisa repensar sua política de atuação no continente para estar à frente de outros países no desenvolvimento de pesquisas de ponta. Para isso, ele acredita que é preciso ampliar a temática de projetos, sair do perímetro da estação brasileira e buscar outros lugares não explorados do continente. “O Brasil precisa ousar mais na Antártica, que ainda é um dos poucos lugares a serem desvendados pelo homem, despertando, por isso, interesses distintos. Mas só poderá falar alguma coisa sobre esse continente quem estiver fazendo pesquisas lá”, finaliza.
Serviço:
A exposição “Fósseis do Continente Gelado – O Museu Nacional na Antártica”, que conta com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), fica no museu até 30 de abril de 2010, de terça a domingo, das 10 às 16h.
O Museu Nacional localiza-se na Quinta da Boa Vista, s/nº, São Cristóvão.