Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Paraguai, Fernando Lugo, se reuniram em Assunção, capital paraguaia, para debater as bases do novo acordo sobre a Usina Hidrelétrica de Itaipu. As negociações já duravam 10 meses e no último dia 25 foi finalmente elaborada uma declaração de intenções.
O documento estabelece que o Brasil passará a pagar R$ 360 milhões por ano, em vez dos R$ 120 milhões pagos hoje, por 45% da energia gerada pela usina, aos quais o Paraguai teria direito mas não utiliza. O tratado prevê também que o país poderá vender o excedente de energia livremente, e não apenas à Eletrobrás, como acontece atualmente. Se aprovado pelos congressos dos dois países, o novo acordo entra em vigor em 2023.
É nesse cenário que o Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel-UFRJ) realiza nos dias 24 e 25 de agosto o IV Seminário do Setor de Energia Elétrica, no Hotel Guanabara, no Centro do Rio de Janeiro. Durante o evento, será feita uma comparação entre os sistemas de geração de energia no Brasil e na América Latina com a Europa, serão discutidos temas como energia renovável e a questão da integração energética na América Latina.
O professor Nivalde de Castro, coordenador do Gesel, explica que “a integração energética, e nesse caso falamos da energia elétrica, é de extrema importância, pois traz benefícios para todos os países envolvidos”. Sobre Itaipu, o professor observa que “apesar de o novo acordo ser aparentemente desfavorável ao Brasil, o valor pago ainda é muito pequeno. Esse aumento é natural nesse tipo de negociação de produtos estratégicos. Os contratos assinados em longo prazo sempre tendem a sofrer um reajuste”.
Segundo o coordenador, o maior interesse do Brasil é que os países da América Latina se desenvolvam, o que gera estabilidade política e econômica em toda a região. “Todas as economias vizinhas são muito pequenas em relação à nossa. O Paraguai jamais teria condições de construir Itaipu sem a participação brasileira.”
Entretanto, uma das maiores preocupações é se esse acréscimo de R$ 240 milhões anuais nas contas da União será repassado ao consumidor. “Pode ser que haja um pequeno aumento no valor da energia elétrica, mas acredito que seja bem pequeno”, afirma.
Hidrelétrica de Itaipu
A Usina Hidrelétrica de Itaipu é uma construção binacional na fronteira do Brasil com o Paraguai e é a maior do mundo em capacidade de geração. Sua potência é de 14 mil megawatts em 20 unidades geradoras.
Em 26 de abril de 1973, os dois países assinaram o Tratado de Itaipu, no qual foram estabelecidas as normas que regem o aproveitamento hidrelétrico do Rio Paraná, com vencimento em 2023.
IV Seminário Internacional do Setor de Energia Elétrica
O evento, que tem o apoio da Eletrobrás, vai debater questões pertinentes à geração e distribuição de energia no Brasil e no mundo. Especialistas do setor levantam problemas e discutem soluções em dois dias de debates, palestras e mesas-redondas.
O Hotel Guanabara fica na Avenida Presidente Vargas, 392. Outras informações podem ser obtidas no site do evento ou pelos telefones 3873-5249 e 3873-5250.