O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem alcançando certa notoriedade junto aos políticos e cidadãos dos demais países nos últimos tempos. No dia 2 de abril, por exemplo, ele recebeu um elogio do presidente dos EUA, Barack Obama. Ao encontrar o presidente brasileiro durante um almoço que fez parte da reunião de líderes do G20 (grupo de países desenvolvidos e em desenvolvimento), em Londres, na Inglaterra, Obama afirmou que Lula "é o cara" e que o presidente operário é o "político mais popular do mundo".
Logo depois, Lula virou personagem na série de animação South Park. No episódio que foi ao ar na quarta-feira, dia 15, nos Estados Unidos, intitulado "Pinewood Derby", Stan (um dos personagens principais do desenho) mata um alienígena tido como perigoso e seu pai tenta, junto a outras pessoas da cidade, roubar uma enorme quantia de dinheiro espacial. O presidente do Brasil aparece entre outros políticos que negam saber do paradeiro do dinheiro “roubado” do espaço e mantém a versão mentirosa do ocorrido.
De forma positiva ou negativa, não se pode negar que a imagem de Lula vem conquistando um notável espaço no cenário internacional. Sobre o assunto, o Olhar Virtual conversou com Eduardo Refkalefsky, professor-adjunto da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ. Quando perguntado sobre a declaração de Obama a respeito do presidente do Brasil, o professor respondeu: “Creio que faz parte das brincadeiras diplomáticas. Mas toda brincadeira tem um fundo de verdade, Obama estava fazendo uma política de boa vizinhança. Até porque se aproveitou do fato de ambos serem presidentes incomuns; um é negro e o outro, operário”.
De qualquer forma, esse ocorrido já evidencia uma mudança nas relações políticas entre o Brasil e os Estados Unidos, já que o presidente anterior, George W. Bush, mantinha uma postura menos próxima do governo brasileiro. O ministro das relações exteriores, Celso Amorim, declarou que acredita firmemente que a eleição do presidente Obama tenha criado uma oportunidade única de melhorar as relações entre América Latina e Estados Unidos.
Segundo Eduardo Refkalefsky, a diplomacia Brasileira trabalha no sentido de melhorar as relações com os Estados Unidos. “Esse trabalho ocorre nos bastidores, em negociações longe da mídia. Mas influencia e é influenciado pelo que ocorre com os presidentes diante das câmeras”.
FHC X Lula
Traçando um paralelo entre as imagens do atual presidente do Brasil e de seu antecessor, é possível perceber que a principal semelhança entre eles está na duração do mandato de oito anos de ambos. Mas, nesse aspecto, é possível encontrar, ainda, muitas diferenças. Enquanto Fernando Henrique Cardoso – presidente entre 1994 e 2002 – era reconhecido por seu perfil intelectual, antes mesmo de se eleger, Lula representava exatamente o oposto: a figura do trabalhador brasileiro.
– São figuras diferentes. FHC é um intelectual de projeção internacional, especialmente na América Latina. Lula desperta a curiosidade e, muitas vezes, a simpatia por ter origem operária. Qualitativamente, cada um gerou repercussão por suas características – salienta o professor.
Mídia Nacional
Enquanto a imagem do presidente Lula se expande e faz sucesso lá fora, a mídia nacional parece ter esquecido o assunto. O máximo que algumas revistas e jornais fazem é apontar os supostos erros nas decisões de Luiz Inácio Lula da Silva. Como o presidente não tomou nenhuma atitude verdadeiramente revolucionária, até os veículos de comunicação que atacavam firmemente o discurso de esquerda de Lula vêm fazendo críticas mais leves.
Outro ponto a ser considerado é o de que, mesmo quando são feitos ataques diretos ao governo, a imagem de Lula permanece intacta para a população. “Poucos presidentes, inclusive no Brasil, tiveram uma aprovação tão alta quanto ele”, afirma o pesquisador e professor da UFRJ.
— O tratamento da mídia internacional não tem variado muito. No Brasil, há uma dissociação entre a figura do Lula e o governo do PT e aliados. Mesmo quando ocorre uma exposição de supostas corrupções no governo, o presidente acaba ficando com a imagem intocada, de acordo com as pesquisas. Mesmo quando recebe críticas diretas de jornalistas e adversários políticos através da mídia — ressalta Eduardo.