Avaliação anual feita pela National Science Indicators (NSI), instituição com uma das maiores bases de dados científicos do mundo, revela que o Brasil pulou da 15ª para a 13ª posição no ranking mundial de produção científica em 2008. Tal produtividade é medida pelo número de publicações em revistas especializadas. Segundo a avaliação da NSI, foram publicados 30.451 artigos brasileiros no ano de 2008. O país está à frente de nações como Rússia e Holanda. Liderando a lista estão os Estados Unidos.
Para analisar as origens e os impactos desse crescimento, bem como a colaboração da UFRJ para fazer o Brasil subir dois lugares no ranking de produção científica mundial, o Olhar Virtual conversou com Ângella Uller, pró-reitora de pós-graduação e pesquisa.
Olhar Virtual: A que a senhora atribui esse crescimento na produção científica brasileira?
O avanço na produção científica brasileira se deve aos constantes investimentos em ciência e tecnologia. O governo tem promovido um grande crescimento nessa área. Além disso, a Faperj (Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) tem oferecido mais recursos para o oferecimento de bolsas.
Olhar Virtual: Qual a importância disso para o país?
A importância desse avanço está em permitir ao Brasil desempenhar um papel de protagonista no cenário mundial de ciência e pesquisa.
Olhar Virtual: Como a UFRJ tem contribuído para esse avanço?
A universidade tem trabalhado para estimular o desenvolvimento de cursos de mestrado e doutorado. Não tenho números exatos; porém, a UFRJ está agora com cerca de 20 novos cursos. Considerando que cada um tem a média de 20 a 30 alunos, chegamos a um número aproximado de 500 mestrandos e doutorandos fazendo pesquisa e produzindo conhecimento científico.
Olhar Virtual: A senhora acredita que ao buscar aumentar o número de professores efetivos a UFRJ colabora ainda mais para incentivar a produção científica?
Sem dúvidas. O professor efetivo trabalha em tempo integral e com dedicação exclusiva.
Olhar Virtual: O que fazer para gerar um crescimento ainda maior na produção científica brasileira?
No âmbito da UFRJ, acredito que é preciso dar mais atenção à substituição de professores. Alguns cursos têm professores perto de se aposentarem. Porém, não podemos abrir seleção para novos professores enquanto os outros não tiverem a aposentadoria efetivada. Dessa forma, impedimos a convivência entre os jovens professores e os mais seniores, o que é uma pena.
Olhar Virtual: Como transformar a produção científica em tecnologia?
Na verdade, isso é um falso problema. Nos países avançados, cerca de apenas 4% das patentes são oriundas de universidades. Já no Brasil, esse número está em 10 a 11%. O que precisamos, portanto, é ter maior esforço no sentido da cultura de inovação. É preciso proteger o conhecimento, porém torná-lo acessível à sociedade. Não adianta a universidade ter um grande número de patentes, se isso não tem reflexos na sociedade.