Edição 153 04 de abril de 2007
A Editora UFRJ, em colaboração com a Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB), lançou, em dezembro de 2006, a Série Didáticos. Voltados para a graduação, os livros são resultado da experiência de professores, muitos da própria universidade, em sala de aula. Segundo o coordenador da Editora UFRJ, Carlos Nelson Coutinho, editar essa modalidade de livros faz parte das atribuições de uma editora universitária. “Temos que produzir textos que sejam capazes de difundir o saber e de exercer uma função didática.
Esse é um projeto que existe desde junho de 2005, quando foi aberto o edital, pela FUJB (Fundação Universitária José Bonifácio), do Programa de Apoio à Publicação de Livros Didáticos. O resultado dessa iniciativa são as quatro obras. Mais quatro livros deverão ser lançados neste ano, totalizando um investimento de cerca R$ 200 mil. O objetivo da série é amparar e incentivar a editoração e publicação de livros, de autoria ou co-autoria de professores da UFRJ, para serem utilizados nos cursos de graduação. Em breve, a Editora UFRJ estará lançando mais quatro obras. Confira, a seguir, a resenha dos quatro primeiros lançamentos da Série Didáticos:
Organizado por Alicia Navarro de Souza e Jacqueline Pitanguy, o livro apresenta uma experiência de curso que, há dez anos, cumpre o desafio de problematizar a ideológica naturalização do saber e de relativizar certas “verdades”, reconhecendo outros saberes que importam no exercício social da Medicina. São levantadas na publicação reflexões instigantes que ampliam e complexificam as diversas problemáticas que envolvem a constituição do saber médico. Tal como o curso que lhe deu origem, a obra expõe em diálogo questões mais gerais que afetam a formação dos profissionais de saúde e dizem respeito tanto ao processo de produção do conhecimento nas Ciências da Saúde e nos saberes e práticas de saúde, quanto no estabelecimento da relação entre corpo, sexualidade, violência e práticas em saúde. Sinaliza, assim, para a íntima conexão entre a saúde e a conquista, a ampliação e a fruição da cidadania. Para o projeto foram incorporados psiquiatras, filósofos, antropólogos, sociólogos — entre eles Thomas Kuhn, Canguilhem, Foucault, Byron Good, Rennée Fox — à casa dos médicos, o que significa uma aventura inédita que as organizadoras do curso Alicia Navarro de Souza e Jacqueline Pitanguy, autoras do livro, consideram vitoriosa. Cerca de 250 estudantes da Faculdade de Medicina da UFRJ e alguns professores convidados desses distintos campos de saber apostaram, ao longo desses anos, na proposta de integrar, em disciplinas de graduação, alunos de diferentes profissões da saúde. E que passou a ser adotada por docentes dos cursos da Faculdade de Medicina: Medicina, Fisioterapia e Fonoaudiologia.
Organizado por Ilma Rezende e Ludmila Fontenele Cavalcanti, essa obra tem por objetivo discutir o Serviço Social como profissão e apresentar as áreas de atuação do assistente social nas políticas públicas setoriais, a partir da Constituição de 1988. Além disso, pretende discutir a especificidade do Serviço Social como profissão intervencionista e apresentar as áreas de atuação do profissional nas políticas sociais, tendo por base a Constituição Federal. A intenção é introduzir o leitor na especificidade das questões que se apresentam para o assistente social no espaço de operacionalização das políticas sociais setoriais. O livro pretende indicar, de modo sintético, como foram construídas as políticas sociais no Estado capitalista e pontuar, de forma breve, os rumos do debate sobre políticas públicas no âmbito da especialidade. As políticas sociais como prática política têm seu surgimento associado ao trânsito do capitalismo da livre-concorrência à idade dos monopólios, quando, no pós-1875, o modo de produção capitalista alcança sua maturidade e ao Estado capitalista foram agregadas funções que, até então, não eram objeto da intervenção organizada e sistemática do Estado. No âmbito da discussão que norteia toda a obra, o pressuposto básico de que partem os autores é o da centralidade da ação do Serviço Social como profissão intervencionista no processo de construção da democracia. Nesse sentido, a discussão da legislação normatizadora das políticas sociais é exemplar do exercício de construção democrática da sociedade, na medida em que traduz processos de luta da sociedade frente ao Estado pela garantia de direitos.
Isabel de Assis Ribeiro de Oliveira apresenta uma síntese da contribuição de sete autores reconhecidos como clássicos da reflexão política (Maquiavel, Hobbes, Locke, Rousseau, Marx, Tocqueville e Stuart Mill), com o objetivo de apoiar a leitura da obra desses autores. Situando-os no tempo em que escreveram e sumariando seus principais textos, a obra tem um cunho didático e introdutório: o tratamento conferido aos temas busca antes facilitar a compreensão do assunto que explorar seus matizes. A discussão contemporânea sobre o modo como a sociedade pode se organizar de forma a preservar o valor da liberdade individual e promover a igualdade de oportunidades ainda se faz com o vocabulário da teoria política moderna, rótulo que abriga uma considerável produção intelectual acerca do poder seja ele exercido no âmbito do Estado ou no da sociedade civil. Destinado ao público universitário, Teoria política moderna também pode ser útil a todos que queiram ter um primeiro contato com essa preciosa reflexão sobre formas alternativas de exercício do poder.
De Vânia Maria Cury, esse é um livro didático de história econômica, originário do debate acadêmico havido no Instituto de Economia (IE) da UFRJ, no âmbito das duas reformas curriculares do curso de graduação em Ciências Econômicas, ocorridas em 1985 e 2000. Nas discussões metodológicas, levantaram-se proposições sobre o que deveria ser ensinado aos estudantes nas disciplinas de História Econômica Geral I e II, situadas nos primeiro e segundo períodos da grade curricular do curso. Grande parte é produto de uma concepção relativamente abrangente do corpo docente do IE/UFRJ, embora algumas dissensões tenham permanecido. O trabalho visa, justamente, completar a bibliografia da disciplina de História Econômica Geral I, ministrada no IE, cujo programa propõe o exame da expansão do capitalismo até a Primeira Guerra Mundial. Na medida em que a maior parte dos livros escritos sobre o tema está publicada em língua estrangeira, reconheceu-se a necessidade de torná-los acessíveis aos estudantes, utilizando as informações ali contidas. O objetivo mais importante é oferecer aos estudantes de História Econômica uma visão atualizada e abrangente dos principais aspectos concernentes ao processo de industrialização capitalista, numa perspectiva histórica, levando em consideração as experiências de Grã-Bretanha, Alemanha, Estados Unidos e Japão, quatro dos mais prósperos países capitalistas da atualidade. Para isso, foi realizada uma ampla pesquisa de fontes e literatura especializada, com o intuito de apresentar os aspectos mais distintivos e peculiares de cada um desses modelos de industrialização.