Edição 305 27 de julho de 2010
Ilustração:João Rezende |
O recente desastre ambiental de um poço de petróleo da British Petroleum, no Golfo do México, trouxe novamente à tona os impactos da extração de recursos minerais e suas consequências muitas vezes desastrosas. A demora para conter o vazamento e a ineficiência de muitas técnicas utilizadas na retirada da grande quantidade de petróleo do mar preocupam a comunidade internacional.
Embora sejam necessárias pesquisas para evitar que outros desastres dessa dimensão ocorram ou, pelo menos, que sejam capazes de recuperar a área atingida com mais rapidez, um grupo de pesquisadores do Instituto de Macromoléculas (IMA-UFRJ) desenvolveu uma técnica que remove petróleo do mar, sem causar outros impactos à natureza.
Segundo Fernando Gomes de Souza Junior, professor e pesquisador responsável pelo projeto, a técnica de remoção e recuperação do petróleo derramado sobre água utiliza uma parte de resina para remover 23 partes de petróleo. A resina, criada em laboratório, possui características químicas similares às do petróleo, o que permite a combinação total das substâncias. "A resina é composta principalmente por glicerina e óleo de mamona, ajustados com alguns outros reagentes para aumentar a similaridade entre as fases orgânicas", explica o professor. "Assim, o petróleo é absorvido pela resina, permitindo a remoção da água."
A técnica apresenta muitos aspectos positivos, pois não agride a natureza, visto que evita introduzir mais produtos petroquímicos em uma área já impactada. Além disso, a utilização da resina, que é um produto menos valorizado, torna-se bastante vantajosa.
Quando perguntado se seria possível utilizar a técnica em grandes vazamentos, como o da British Petroleum no Golfo do México, Fernando responde: "Acreditamos que sim. Dado o poder de remoção, associado à capacidade de recuperação do petróleo, esse método pode ser usado nesse tipo de acidente." Uma prova da credibilidade da pesquisa é o grande interesse do mercado em explorar a técnica. O grupo de pesquisadores já foi procurado por empresas interessadas no processo.