Edição 230 18 de novembro de 2008
Nesta terça-feira (18), a Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ inaugurou mais um importante espaço de construção de experiências artísticas: o Centro de Produção Teatral. Para marcar a inauguração, foi encenada, às 13 horas, na sala 706 do prédio da Reitoria, a peça Quando as máquinas param, de Plínio Marcos.
A peça, que será reapresentada na quarta (19), às 15 horas no mesmo local, tem por objetivo revelar a variedade da produção de um dos principais dramaturgos brasileiros. A escolha por Plínio Marcos se deve não só à importância de suas obras no cenário nacional, mas também ao caráter realista de suas peças. Segundo Antônio Guedes, coordenador do Centro de Produção Teatral e diretor de Quando as máquinas param, esse tratamento realista facilita a produção do espetáculo: “achamos que, inicialmente, seria mais prudente ousar apenas na qualidade dramatúrgica e no trabalho dos atores. Em um próximo momento, poderemos buscar trabalhos esteticamente mais exigentes”, sublinha Guedes.
No dia 4 de dezembro, a peça será exibida no Sesc de Madureira, mas os coordenadores do Centro pretendem organizar, em 2009, outras apresentações em salas e espaços abertos da UFRJ.
As atividades do novo Centro de Produção Teatral, no entanto, vão além da peça encenada nesta tarde. Com o objetivo de aproximar os alunos, principalmente os de Artes Cênicas, da prática de montagem de espetáculos, a idéia é que o Centro trabalhe um tema específico a cada ano. Serão organizadas peças na universidade, com o intuito de ampliar o conhecimento e as habilidades dos futuros profissionais de Teatro.
O projeto surge em um momento marcado pela dificuldade de inserção dos recém-formados no mercado de trabalho. A inexistência de estágios obrigatórios nas grades curriculares de cursos como Cenografia e Indumentária leva muitos estudantes a concluírem a Graduação ainda inexperientes para iniciar um projeto cultural.
Para suprir esse déficit, o Centro de Produção Teatral da EBA almeja, já a partir do próximo ano, congregar um número maior de discentes tanto no elenco de atores quanto nas equipes técnica e de apoio. “Em breve, se nosso trabalho progredir como gostaríamos, poderemos constituir uma atividade de extensão, recebendo, inclusive, alunos de outros cursos, incrementando nosso elenco de atores, visto que estamos sediados num curso cujas habilitações são Cenografia e Indumentária, e não Interpretação”, aponta Guedes.
Na opinião de Jackie Netzach, estudante do 6º período da EBA e atriz da peça Quando as máquinas param, a participação no projeto repercutirá positivamente em sua carreira profissional. Ela acredita que a tendência é o Centro adquirir cada vez mais espaço dentro da Academia: “Futuramente, ele pode vir a se tornar uma companhia, com pesquisas e estudos em Artes Cênicas, completa e respeitada pela qualidade de suas atividades”, confia.
No horizonte do Centro, fica o projeto de equipar sua sala para aulas de iluminação, direção e, também, para apresentações de exercícios, experiências e pequenos espetáculos. Para 2009, os integrantes do núcleo prometem a encenação de uma peça de Samuel Beckett, um dos fundadores do Teatro do Absurdo.
O Nepac
O Centro de Produção Teatral é mais um dos braços do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Artes Cênicas (Nepac), que abriga, entre outras iniciativas, o Centro de Referência Têxtil Vestuário, composto por um banco de imagens, uma teciteca e um acervo de trajes e objetos de vestuário.
O Nepac reúne seis professores e cerca de dez discentes de Graduação e Pós-graduação interessados em atividades de Pesquisa e Extensão na área de Artes Cênicas. Foi criado em 2000, com o objetivo de permitir o intercâmbio de experiências entre pesquisadores da UFRJ e de outras instituições de Ensino.
Para Angela Leite Lopes, uma das idealizadoras do Nepac, o núcleo, com todas as ações que desenvolve, se configura em um espaço onde o estudante tem a possibilidade de vivenciar o tripé fundador da universidade: Ensino, Pesquisa e Extensão. “O aluno assiste ou participa das pesquisas de seus professores orientadores. Ele tem a oportunidade de desenvolver a sua própria pesquisa e de estabelecer uma relação entre essa experiência universitária e outros setores da sociedade”, destaca a professora.