Edição 190 22 de janeiro de 2008
A primeira experiência de aplicação de uma prova de Filosofia no Vestibular da UFRJ foi bem-sucedida. Dos 6.658 candidatos que tiveram as avaliações corrigidas, 5,8% gabaritaram a prova e apenas 1,7% obtiveram zero no exame. A média das notas ficou próxima de 6,4, uma das melhores médias entre as disciplinas.
Os dados não são definitivos, pois foram liberados antes do pedido de revisão de notas, mas, para Luiz Otávio Langlois, coordenador da Comissão do Vestibular, eles já evidenciam o sucesso da prova de Filosofia da UFRJ. Para Luiz Otávio, o bom desempenho dos alunos se deve às criteriosas recomendações feitas pelo Conselho de Ensino e Graduação (CEG) à Coordenação Acadêmica do concurso de acesso:
- O CEG determinou que elaborássemos uma prova com pouco conteúdo, que não afastasse os estudantes de escolas públicas, que são aquelas com mais dificuldades de conseguir professores de Filosofia. A recomendação era formular uma prova inteligente que não cobrasse conhecimentos prévios de Filosofia. A banca que preparou o exame foi extremamente feliz por ter cumprido isso – avalia o coordenador.
Por ser não-específica, a prova de Filosofia tem um peso pequeno no resultado final das notas dos candidatos. As médias baixas ocorreram em pequena quantidade — cerca de 25% dos alunos obtiveram notas inferiores a 5 – e a diferença entre as maiores e as menores notas foi pequena, o que reduz os impactos da avaliação na média final: - Na medida do possível, ela diminui o fosso entre os alunos que tiveram aulas de Filosofia no Ensino Médio e aqueles que não tiveram – observa Luiz Otávio.
Provas serão mais difíceis
As próximas edições do Vestibular UFRJ apresentarão provas de Filosofia mais difíceis. À medida que o Ensino Médio investir no ensino da disciplina, a universidade vai elaborar exames que cobrem mais conteúdos. Mas Luiz Otávio garante que esse será um processo gradual e cuidadoso:
- Faremos como a UFRJ trabalha sempre: com muito cuidado. As questões acadêmicas aqui na universidade são levadas com seriedade e com critério, para que o impacto seja apenas positivo e eventuais aspectos negativos sejam minimizados – assegura.
O coordenador antecipa ainda a possibilidade de o programa da prova conter textos clássicos variados para guiar o candidato na hora de estudar Filosofia.
Críticas
Alguns professores da UFRJ teceram críticas públicas à organização da prova de Filosofia. Em relação a elas, Luiz Otávio é taxativo:
- Eu não falo das críticas, porque muito estranhamente elas foram encaminhadas a todos os jornais e não à Coordenação do Concurso de Acesso aos Cursos de Graduação, que era pra onde eticamente deveriam ter vindo. Não as comento, até porque não tenho conhecimento delas – afirma o docente.