Edição 222 23 de setembro de 2008
Integrado ao plano de expansão do Centro de Tecnologia (CT/UFRJ), está em andamento o processo para construção do Laboratório de Tecnologia de Poços (LTEP) na Ilha da Cidade Universitária. O LTEP resulta do trabalho de Paulo Couto e Átila Freire, professores das Engenharias de Petróleo e Mecânica, respectivamente.
A infra-estrutura do LTEP propiciará à comunidade acadêmica e científica um pólo de pesquisa moderno e favorável a um melhor desenvolvimento de trabalhos já em andamento na UFRJ, criando assim um centro de excelência em pesquisa na área petroquímica. Com orçamento de 7,5 milhões de reais, o laboratório será construído com o apoio de verbas da Petrobras e as obras tem término previsto para fim de 2009 e início de 2010.
Segundo Walter Suemitsu, decano do CT, o LTEP será um espaço interdisciplinar, uma vez que permitirá estudos envolvendo diversas engenharias, como as de petróleo, mecânica, civil e elétrica, por exemplo. “Nessa primeira fase, receberemos da Petrobras os recursos destinados à infra-estrutura e, depois, as encomendas de projetos”, afirma Walter.
Para elucidar a importância do novo laboratório, bem como seu processo de estruturação, o Olhar Virtual conversou com o professor Paulo Couto.
Olhar Virtual: Como é o projeto do Laboratório de Tecnologia de Poços?
Esse laboratório é voltado para pesquisas desenvolvidas na UFRJ, visando apoiar todas as pesquisas, independentemente de elas serem desenvolvidas em algum departamento da Universidade.
Olhar Virtual: Como será a infra-estrutura do laboratório?
O prédio do Laboratório de Tecnologia de Poços possui uma área de 2.400 metros, dentro dos quais haverá salas funcionando sob a forma de pequenos laboratórios para apoiar as linhas de pesquisa já em desenvolvimento na UFRJ. Além disso, haverá um grande espaço destinado a experimentos de grande porte a serem ainda solicitados.
Olhar Virtual: Qual é a participação da Petrobras no projeto de construção do Laboratório de Tecnologia de Poços?
Por lei, toda empresa que opera um campo de petróleo deve pagar, além dos royalties, uma participação especial, ou seja, uma sobretaxa ao lucro excessivo que obtém a partir da exploração. Sendo assim, um campo que tem uma produtividade alta, paga por sua vez uma taxa maior. Dessa participação, 1% tem que ser aplicado em pesquisa, do qual 0,5% pode ser aplicado em estudos internos e o restante em contratação de pesquisas.
Para utilizar esses recursos, que na Petrobras somam em média 470 a 500 milhões de reais por ano, a empresa se organizou de forma a definir grandes temas considerados de grande interesse e, para cada um deles, foi formada uma rede temática. O LTEP, por sua vez, está sendo construído com recursos da rede temática de tecnologia de poços.
Olhar Virtual: Como foram as negociações para construção do laboratório?
Eu e o professor Átila Freire escrevemos um projeto e o submetemos à rede temática. Após a aprovação, ele foi enviado à Agência Nacional do Petróleo (ANP), que gerencia e verifica se o dinheiro a ser recebido está realmente sendo aplicado em pesquisa. A ANP aceitou o projeto e ele está agora em fase de contratação. O esperado é que os recursos estejam disponíveis já em novembro.
Olhar Virtual: Que tipos de pesquisa podem ter seu desenvolvimento aprimorado com o novo laboratório?
A rede temática de tecnologia de poços é relativamente nova e as linhas de pesquisa ainda não foram estabelecidas. Porém, é notável que estudos nessa área tenham uma importância fundamental para o pré-sal. Como esses reservatórios são muito profundos, com cerca de 7000 metros de profundidade, são precisos novos métodos de perfuração. As pressões geológicas envolvidas na exploração desse tipo de poço serão diferentes e ainda mais hostis do que nos reservatórios comuns. Então, é bem provável que a próxima linha de pesquisa a ser desenvolvida pelo laboratório seja destinada a explorar o pré-sal, abrangendo, portanto, pesquisas em perfuração nos tipos de duplo gradiente, com pressão gerenciada e direcional no sal.
Além de pesquisas de procedimento de perfuração, poderão ser feitas pesquisas na área de completação de poços, ou seja, visando equipar poços para produzir petróleo de forma a encurtar o tempo de uso da sonda, que é muito cara, e minimizar riscos de perfuração. Será possível ainda analisar o controle da produção de areia de reservatórios e o faturamento hidráulico.
Olhar Virtual: De que forma a comunidade acadêmica do CT será beneficiada com o LTEP?
O Laboratório de Tecnologia de Poços terá uma estrutura de ponta, permitindo assim a pesquisa de alto nível dentro de uma universidade que é pública. Ainda que seja financiado pela Petrobras, o LTEP pertence à UFRJ, que poderá desenvolver suas pesquisas de forma independente.