Edição 193 04 de março de 2008
Os amantes da arte, que desejam ser graduados em História da Arte, já podem respirar aliviados. A Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ) elaborou a proposta de um bacharelado em História da Arte, que terá como prerrogativa a formação destes profissionais. A proposta de criação do novo curso deve ser aprovada até o final de maio deste ano pelo Conselho Universitário, a fim de que seja inserido no edital do Vestibular 2009.
As constantes transformações do mundo contemporâneo exigem que o profissional do século XXI seja extremamente qualificado. Pensando nesta questão, a proposta do curso inclui um diferencial, uma vez que, hoje, o historiador da arte não pode ser só historiador. A contemporaneidade exige, sempre, um olhar crítico. De acordo com a diretora da EBA, professora Ângela Âncora da Luz, “ele tem de ser também curador, crítico e teórico da arte”, enfatiza.
A diretora destaca, também, que na UFRJ só existia a Pós-graduação, com mestrado e doutorado, em História da Arte, mas ainda não havia a formação de base com um curso de bacharelado. “Nós não temos uma formação de base. Todos os nossos historiadores da arte são oriundos de áreas afins como a Arquitetura, Pintura, Escultura, Jornalismo ou Filosofia”, explica.
Por sempre ter recebido profissionais de outras áreas, a comissão, coordenada pela professora Elenise Guimarães, elaborou um currículo que tivesse um diferencial de formação. O curso terá oito períodos só de História da Arte. Além disso, vai contemplar várias questões na área de Estética, de Teoria, de Artes Visuais, de Comunicação, de Arte Africana, Pré-colombiana, entre outras. Desta maneira, na opinião da diretora, será criada uma “base ampla para a reflexão”.
Ainda na opinião da diretora, um curso desta natureza e com características distintas, faz falta no Brasil. Segunda ela, em congressos, simpósios, colóquios onde os pesquisadores de História da Arte se encontram, a grande discussão é a falta da formação deste profissional no país. Para ela, é preciso estabelecer “uma discussão sobre o que é hoje um historiador da arte ou sobre a necessidade deste profissional no Brasil”.
Segundo a diretora, a criação do curso de História da Arte era uma ambição antiga, pois a proposta surgiu antes do Plano de Reestruturação e Expansão da UFRJ (PRE/UFRJ). “Era um projeto amadurecido e discutido com outros pares de historiadores no âmbito de congressos nacionais, internacionais. Quando o Reuni chegou, a discussão sobre a criação do curso já estava pronta. O que nós fizemos foi apresentar a proposta”, esclarece.
Para a EBA, o curso vai despertar a atenção no meio científico e no meio dos pesquisadores da área, pelas suas características. Além disso, fortalecerá a Pós-graduação. Segundo a diretora, a unidade se completa, já que terá sua Graduação e sua Pós-graduação. Outro ponto destacado é que a EBA é pioneira no ensino da arte no Brasil. Então, de acordo com Luz, fazendo arte ela faz a sua história e, consequentemente, faz a História da Arte. “Queremos uma escola que conviva, ao mesmo tempo, com a tradição, porque ela surgiu do século XIX, mas que seja inserida no mundo atual, dialogando com as novas tecnologias, com os novos recursos de representação, com as novas possibilidades de criação da arte. Assim, a História da Arte irrigará o campo das idéias”, ressalta.
Para a pró-reitora de Graduação (PR-1), professora Belkis Valdman, a universidade é responsável por propor novos perfis de formação e a criação de novos cursos significa novas oportunidades para os estudantes, adequando-se às mudanças. “A universidade tem duplo papel: o primeiro, é prover o mercado com recursos humanos atendendo às novas tendências, novas áreas de atuação de especialização. O segundo, é ter o papel social de formar cidadãos críticos e pessoas conscientes”, avalia.