Edição 177 25 de setembro de 2007
Serviços de assistência não são regalias oferecidas a estudantes de baixa renda, apesar de considerados por muitos como tal. Esses serviços representam os direitos fundamentais de qualquer cidadão e, portanto, de cada jovem ingresso numa Universidade Federal via concurso. Entre eles encontra-se o direito à moradia, serviço oferecido pela UFRJ nos alojamentos. Completando esse mês 35 anos de existência, o alojamento universitário abriga grande parte dos alunos carentes, aqueles que sem este tipo de auxílio simplesmente não teriam condições de estudar na Universidade.
Os alojamentos da Cidade Universitária contam hoje com 504 quartos, distribuídos igualmente em dois blocos: feminino e masculino. Apesar de presentesexistirem e funcionarem, é do conhecimento de todos que os alojamentos ainda carecem de amplas reformas. No entanto, medidas vêm sendo tomadas recentemente para solucionar os problemas relacionados à infra-estrutura dos prédios, com obras de manutenção e aprimoramento.
A diretora do alojamento, Veraluce Aguiar Esteves, afirma que essas medidas estão sendo concretizadas na medida docomo possível, de acordo com a quantidade de verba obtida junto a reitoria para este fim. Entre as obras em andamento estão a reforma do sistema elétrico, das caixas d’água e das janelas do bloco masculino, a construção de cozinhas, de uma área social para os estudantes e do laboratório de informática. Dois módulos do prédio masculino também sofreram uma reforma completa.
“As reformas estão caminhando lentamente, realmente não temos dinheiro suficiente. Mas temos certeza que algo está sendo feito para melhorar os prédios. As caixas d’água por exemplo eram as mesmas desde a construção dos alojamentos há mais de 30 anos e nós recentemente conseguimos trocá-las por novas”, afirmou a diretora Veraluce.
Para o arquiteto Ramon de Assis, integrante do gabinete do reitor e responsável técnico pelas obras, a demolição das antigas caixas d´ água era indispensável em função do iminente risco de ruptura que apresentavam. “Nossa intervenção foi essencial,, pois além de atuarmos preventivamente, melhoramos a questão do abastecimento e qualidade da água fornecida para toda a ala masculina”, destacou Ramon.
A diretora explica que as reformas feitas nos módulos até agora foram feitas servem como parâmetro para avaliar a viabilidade financeira das obras em todos os módulos, no futuro.
Os problemas enfrentados pelos estudantes
Grande parte dos estudantes alojados no campus da Universidade veioieram de fora da cidade do Rio de Janeiro. Este é o caso de Clessia, estudante da Faculdade de Letras, que veiovinda de Uberlândia; e Rodrigo, estudante de Meteorologia, que veio de Petrópolis. Há dois anos alojados, os estudantes afirmam que as reformas vêm de fato melhorando a estrutura dos alojamentos em alguns pontos, mas explicam que tudo ainda está muito no início e que ainda há muitas coisas para fazer.
“Os módulos novos do masculino estão muito bons e espero que esse projeto chegue aos outros módulos. Mas sobre isso realmente não temos muita informação”, afirmou a estudante de Letras.
O estudante Rodrigo afirma, por mais que estejam sendo tomadas medidas mantenedoras, o alojamento masculino ainda carece de muita estrutura, principalmente relacionada ao sistema elétrico. O estudante também critica a falta de funcionalidade e informação.
“Há uma falta de informação muito grande no alojamento. Não há a menor preocupação em nos deixar a par do que acontece aqui e isso é muito ruim. Quando somos aceitos, simplesmente nos dão onde morar e não passa disso”, afirmou.
Os critérios para acesso aos alojamentos
O número de vagas oferecidas pelos alojamentos tem sido muito inferior ao número de alunos solicitantes desse benefício. Em razão disso, anualmente, a Divisão de Assistência ao Estudante (DAE) organiza um rigoroso processo de seleção dos candidatos às vagas.
A diretora Veraluce explica, os principais critérios para o ingresso aos alojamentos são a renda familiar e a distância de moradia. Afirma, no entanto, que estes não são os únicos critérios, uma vez que também são consideradas variantes sociais, analisadas pelas assistentes sociais da DAE.
Os alunos também passam por uma avaliação psicológica, que visa o para o levantamento de características de personalidade dos mesmos, observando o aspecto emocional e o relacionamento interpessoal. Essa é uma medida de caráter preventivo em perceber ou evidenciarque busca detectar a existência de sinais indicadores de psicopatologias e, no caso de seu aparecimento, sugerir o encaminhamento para Centros de Referência da UFRJ.