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Edição 149      08 de março de 2007


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UFRJ na Antártica

Luíza Duarte

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Projeto GEAMB, desenvolvido no Instituto de Biologia da UFRJ, fez parte das expedições científicas brasileiras no continente gelado.

Nos últimos quatro anos, o GEAMB implantou estratégia de monitoramento de impacto ambiental na fauna bentônica da zona costeira rasa da Baía do Almirantado, nas proximidades da Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz (EACF). Sob a coordenação da professora do Instituto de Biologia da UFRJ, Lúcia Siqueira Campos, o projeto contou com uma equipe formada por 24 professores e alunos da graduação e da pós-graduação, além de Maria Claudia Grillo da Petrobras e Maria Teresa Valério Berardo, do Mackenzie.

O projeto fez parte da Rede 2 do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), que reuniu 15 projetos nacionais, com pesquisas científicas voltadas para impactos ambientais locais. Já a Rede 1, esteve voltada para a pesquisa dos impactos globais, como avaliação do clima, dos efeitos da produção de plâncton, da migração de mamíferos, da oceanografia física da região e da movimentação de correntes marítimas e seus efeitos.

Para avaliar o impacto da presença humana na região Antártica da Baía do Almirantado, o GEAMB analisou os efeitos de resíduos gerados pela estação, como esgoto e óleo, sobre o bentos, organismos que vivem associados ao fundo marinho e ao sedimento. As medições foram realizadas no início e no final de cada verão, período em que o número de pessoas na estação de pesquisa brasileira aumenta consideravelmente. Checando a quantidade e a diversidade desses organismos é possível estabelecer as alterações que os resíduos, embora tratados, provocam no bentos.

A coleta de sedimentos foi realizada através de equipamentos, como uma Mini-Box-Corer, uma draga, armadilha e pegador de fundo tipo Van Veen. O material coletado pelo GEAMB pode ser utilizado por outros projetos da Rede 2, para a análise da meio-fauna, hidrocarbonetos, micróbios, poluentes orgânicos e outras características físicas do sedimento.

A Estação Antártica Comandante Ferraz é considerada uma estação modelo em termos de cuidados ambientais. Os resultados da pesquisa mostraram que processos naturais causam mais alterações no sedimento e nas comunidades bentônicas do que a ação do homem na região. Os efeitos dos resíduos de esgoto e óleo são crônicos e apenas restritos a uma pequena área.

Segundo a professora Lúcia Siqueira Campos, coordenadora do Censo de Vida Marinha Antártica para a América Latina, o Brasil antecipou-se às propostas do Ano Polar Internacional, que começou este mês e vai até março de 2009, ao apresentar projetos multidisciplinares que se relacionam através de redes. A ligação entre os projetos de pesquisa faz com que eles interajam, compartilhem dados e comparem resultados, sendo mais vantajoso em termos científicos, gerenciais e financeiros.

25 anos de pesquisas brasileiras

Diversos professores e alunos da UFRJ estão envolvidos em projetos de pesquisa científica na Antártica. Em 1959, Ano Geofísico Internacional, foi estabelecido o Tratado da Antártica, do qual o Brasil é membro consultivo. A partir de então, o continente se tornou uma região dedicada à paz e à ciência.

Desde 1982, o Brasil está presente no continente gelado. A Estação Antártica Comandante Ferraz conta com 2.550m de área construída, abriga laboratórios, uma biblioteca e até salas de jogos e ginástica. A estação acaba se tornando uma segunda casa para os membros do Grupo Base da Marinha e pesquisadores que chegam a ficar mais de três meses seguidos na região, com temperaturas que chegam a atingir 20º negativos.

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