Edição 167 17 de julho de 2007
As investigações acerca do lugar ocupado pela democracia no pensamento marxista tornaram-se ainda mais agudas com a débâcle do chamado socialismo realmente existente. Jaques Texier é, ao mesmo tempo, protagonista e tributário deste rico debate.
Um dos maiores divulgadores do pensamento gramsciano na França, Texier não acredita que o fim da União Soviética possa por em xeque o projeto socialista, embora tenha deslocado aquele marxismo que, construído entorno de certa leitura da Revolução de Outubro, não concebe a revolução social como radicalização da democracia.
Mergulhando em textos de Marx e Engels, alguns dos quais, como a Introdução de Engels à obra As lutas de classes na França, receberam pouca atenção até agora, Texier leva a cabo uma rigorosa pesquisa filológica – para qual a contribuição dos Cadernos do Cárcere é evidente – em que resgata a dicção visceralmente política desses autores que, apesar de certas nuances e insuficiências, se mostra profundamente democrática. Sublinha que tanto em Marx como em Engels a temática da democracia está articulada a da revolução; mas não se instaura aqui qualquer oposição, pois se trata de conquistar ao mesmo a democracia e o comunismo. Nem se pode afirmar – como acrescenta Texier na contramão de outras análises – que Marx e Engels tenham jamais abandonado a possibilidade de a revolução socialista se realizar de maneira pacífica em países de democracia consolidada.
O livro, o primeiro de Texier publicado no Brasil, está destinado – tanto pelos temas que enfrenta como pelas contribuições que suscita – a despertar um interesse que ultrapassa marcos estritamente acadêmicos.
Editora: UFRJ
Ano: 2006
Tradução: Duarte Pereira
Coleção Pensamento Crítico