Edição 233 09 de dezembro de 2008
O mercado de trabalho demanda, cada dia mais, um melhor aprimoramento do profissional. Para suprir essa necessidade, é crescente a busca por cursos de especialização, dentre os quais destaca-se o MBA. A sigla em inglês para Master in Business Administration, em português, Mestre em Administração de Negócios, refere-se a um curso lato sensu que, portanto, não confere nenhuma titulação, garantindo a quem o cursa apenas um certificado de conclusão.
Enquanto nos modelos internacionais esse tipo de curso apresenta um caráter mais generalista, no Brasil eles se diferenciam, pois tendem a receber um enfoque específico. Ainda assim, nos últimos anos, cursar um MBA tem sido a aposta de grande parte dos profissionais que visam acrescentar mais conhecimentos à sua experiência já adquirida. Diante da crescente popularização de tais cursos, algumas pessoas questionam, no entanto, se eles não estariam passando por um processo de vulgarização, que no futuro os tornaria desvalorizados.
Para comentar essa questão, o Olhar Virtual conversou com os professores José Arthur da Rocha, que coordena o MBA em Gestão Estratégica de Programas e Projetos da Escola Politécnica (Poli), e Vicente Ferreira, do Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administração (COPPEAD) que oferece diversos cursos de especialização. Os docentes alertam que mais importante do que cursar uma especialização, é preciso atentar para a qualidade da instituição que a oferece.
O MBA oferece uma possibilidade de atualização constante de conhecimentos ao profissional. Representa, portanto, ganhos tanto para ele quanto para a empresa em que trabalha. Embora ofereça maior estímulo à atualização, apenas o MBA não é suficiente para o enriquecimento da formação do indivíduo. É preciso que ele procure ler e participar de congressos, por exemplo. No entanto, é notável que o MBA seja talvez o caminho mais eficaz para impedir que o profissional se torne defasado.
Além disso, dos cursos de especialização que o indivíduo pode realizar durante sua trajetória profissional, o MBA destaca-se também por propiciar uma importante troca de experiências, seja entre professor e aluno e entre os próprios alunos. Para isso, é interessante que o indivíduo já tenha uma experiência prévia, ainda que seja na sua vida acadêmica, enquanto era apenas estagiário. Ainda assim, há alguns MBAs hoje em dia que são focados no aluno que está saindo da Graduação, até mesmo porque temos algumas áreas que se desenvolveram recentemente, que, não apresentam uma Graduação específica.
A meu ver, a crescente procura por um MBA advém das constantes e cada vez mais rápidas modificações sofridas pelo mercado. Tudo muda com muita rapidez e é comum que haja sempre uma nova técnica a ser empregada para solucionar determinado problema. Atualizar grupos de trabalho para acompanhar essas mudanças é um pouco complicado, e o MBA, assim como outros cursos de atualização, vem então suprir essa necessidade.
Não acredito, porém, que essa maior procura acarrete em uma vulgarização dos MBAs. O fato de uma instituição oferecer muitos cursos desse tipo não significa que estes estejam vulgarizados, mas que há uma grande quantidade de áreas e necessidades a serem atendidas. O que valoriza o MBA é a qualidade do próprio curso e da instituição que o oferece. Aqui na Escola Politécnica nós temos uma grande quantidade de MBAs e a tendência é crescer, visto que até mesmo a nossa Graduação tem crescido. E isso não desvaloriza o curso dada a tradicional qualidade que é oferecida.
O mundo tem que evoluir e a necessidade de atualização sempre existirá. Nesse sentido, é perceptível que o MBA se constitui como importante ferramenta para que o profissional modernize seus conhecimentos e se aprimore cada dia mais.
Aqui no Coppead nós temos cursos de especialização em negócios aos quais não são mais atribuídos a sigla MBA. Isso porque, no Brasil, a expressão apresenta um significado distinto do existente em países do exterior. Aqui, o MBA tornou-se um nome de curso, sendo oficialmente um tipo de especialização e que poderia ter, portanto, qualquer outro nome. No padrão internacional, o MBA é um curso de caráter generalista e por isso não faz sentido que haja, por exemplo, um MBA em Finanças, pois nesse caso ocorreria uma especificação. Devido a essa distinção, nós adotamos a expressão “curso de especialização”.
Esses cursos já foram um diferencial para o profissional. Porém, atualmente, tornaram-se pré-requisito. Da mesma forma que, cerca de 15 anos atrás, saber falar inglês era primordial, a especialização apresenta hoje o mesmo caráter. Assim, o foco não é apenas ter uma especialização e sim, onde fazê-la.
Além disso, eu acredito que o indivíduo deve buscar uma educação continuada. No Coppead, a especialização é voltada para quem apresenta experiência de trabalho de 6 a 7 anos. Porém, isso não quer dizer que o recém-formado deve aguardar todo esse tempo para voltar a estudar. Há os cursos de aprimoramento cujo foco é o profissional que acaba de ingressar no mercado de trabalho. À medida que a carreira avança, as necessidades do indivíduo mudam. E em uma especilização ele vem a integrar conhecimentos, além de aprender a criticar e cobrar.
Com a demanda por uma maior atualização por parte do profissional, a oferta de cursos também cresceu e estes se popularizaram. O que, no entanto, não os desvaloriza. Há um tempo, os automóveis eram artigos de luxo e estavam restritos a pessoas ricas. Todavia, com o aumento da oferta, acabaram por se popularizar. O mesmo acontece com a especialização, embora não a desmereça. E a procura tende a crescer, até mesmo com a crise financeira que tem abalado o mundo, pois tais cursos são, em geral, realizados por pessoas com altos cargos administrativos. Temos aqui alunos com até 60 anos ou mais, evidenciando, portanto, o quanto é fundamental que os estudos não cessem nunca.